A verdade, no entanto, é que pouco mais sabemos hoje do que as teses que se foram arquitectando em redor destas declarações ocupando e divertindo jornalistas, comentadores, leitores e espectadores, porque é destes soundbytes que vivem ambos de braço dado: agentes políticos e comunicação social.
Certo dia, quando questionado pela imprensa sobre a sua excentricidade, Salvador Dali respondeu "sou excêntrico mas também sou concêntrico". Saíu e durante semanas, toda a comunicação social, com especial relevo para os críticos de arte e para os seguidores do fenómeno Dali, tentaram decifar a declaração do génio, apresentando um conjunto vasto de teses, defendendo-as e comentando-as vivamente.
Umas semanas depois, Salvador Dali voltou a aparecer em público e instado a comentar as teorias que se haviam arquitectado em redor das suas afirmações, limitou-se a dizer que tudo não havia passado de uma brincadeira e que com a frase em causa o que quis dizer foi... absolutamente nada!
Episódios deste tipo acontecem todos os dias no nosso quotidiano político:
Alguém, umas vezes de forma propositada e inventada pelos spin doctors que gravitam à volta das nossas personalidades políticas, outras de forma involuntária, cândida e inocente, emite um soundbyte sobre qualquer tema, assunto ou acção política e as televisões, jornais e restante comunicação social entram num frenesim a querer ouvir tudo e todos sobre o assunto do dia, que pode muito bem vir a ser o da semana, o do mês ou até o assunto do ano.
O mais recente é o que diz respeito à 'refundação': A única coisa que é lícito referir relativo a este vocábulo é aquele que se encontra em qualquer dicionário: tornar a criar, a estabelecer algo, a fundar novamente; mas é ao mesmo tempo sinónimo de tornar mais fundo, aprofundar.
Ora como se vê, até uma análise stricto sensu da palavra nos permite desde logo entendimentos distintos e neste caso verdadeiramente antagónicos.
Na passada semana, Pedro Passos Coelho disse ser necessário refundar Portugal e não houve quem de imediato não tentasse adivinhar o que quis dizer. Falou-se na renegociação do acordo com a troika, do papel e dos fundamentos do estado e da revisão constitucional. E falou-se muito sobre tudo isto. Falou-se muito, mas ter-se-á acertado em alguma coisa?
A verdade, no entanto, é que pouco mais sabemos hoje do que as teses que se foram arquitectando em redor destas declarações ocupando e divertindo jornalistas, comentadores, leitores e espectadores, porque é destes soundbytes que vivem ambos de braço dado: agentes políticos e comunicação social.
A pergunta que importa fazer é se Pedro Passos Coelho tem ideia do que disse e do que pretende fazer? Não... porque parece já ter dito um conjunto de coisas, sobre o tema da refundação, desarticuladas e sem sentido e objectividade.
E se de repente, o espírito controverso e alienado de Salvador Dali tivesse voltado a ganhar corpo no nosso Primeiro Ministro e este viesse agora dizer que tudo não passou de uma patética alegoria? Quantas caíriam no ridiculo de ver desmoronar as suas elaboradas teses? Alguém conseguiria quantificar a perda de tempo e energia gasta por tantos em torno de um suposto 'não assunto'?
Certo dia, quando questionado pela imprensa sobre a sua excentricidade, Salvador Dali respondeu "sou excêntrico mas também sou concêntrico". Saíu e durante semanas, toda a comunicação social, com especial relevo para os críticos de arte e para os seguidores do fenómeno Dali, tentaram decifar a declaração do génio, apresentando um conjunto vasto de teses, defendendo-as e comentando-as vivamente.
Umas semanas depois, Salvador Dali voltou a aparecer em público e instado a comentar as teorias que se haviam arquitectado em redor das suas afirmações, limitou-se a dizer que tudo não havia passado de uma brincadeira e que com a frase em causa o que quis dizer foi... absolutamente nada!
Episódios deste tipo acontecem todos os dias no nosso quotidiano político:
Alguém, umas vezes de forma propositada e inventada pelos spin doctors que gravitam à volta das nossas personalidades políticas, outras de forma involuntária, cândida e inocente, emite um soundbyte sobre qualquer tema, assunto ou acção política e as televisões, jornais e restante comunicação social entram num frenesim a querer ouvir tudo e todos sobre o assunto do dia, que pode muito bem vir a ser o da semana, o do mês ou até o assunto do ano.
O mais recente é o que diz respeito à 'refundação': A única coisa que é lícito referir relativo a este vocábulo é aquele que se encontra em qualquer dicionário: tornar a criar, a estabelecer algo, a fundar novamente; mas é ao mesmo tempo sinónimo de tornar mais fundo, aprofundar.
Ora como se vê, até uma análise stricto sensu da palavra nos permite desde logo entendimentos distintos e neste caso verdadeiramente antagónicos.
Na passada semana, Pedro Passos Coelho disse ser necessário refundar Portugal e não houve quem de imediato não tentasse adivinhar o que quis dizer. Falou-se na renegociação do acordo com a troika, do papel e dos fundamentos do estado e da revisão constitucional. E falou-se muito sobre tudo isto. Falou-se muito, mas ter-se-á acertado em alguma coisa?
A verdade, no entanto, é que pouco mais sabemos hoje do que as teses que se foram arquitectando em redor destas declarações ocupando e divertindo jornalistas, comentadores, leitores e espectadores, porque é destes soundbytes que vivem ambos de braço dado: agentes políticos e comunicação social.
A pergunta que importa fazer é se Pedro Passos Coelho tem ideia do que disse e do que pretende fazer? Não... porque parece já ter dito um conjunto de coisas, sobre o tema da refundação, desarticuladas e sem sentido e objectividade.
E se de repente, o espírito controverso e alienado de Salvador Dali tivesse voltado a ganhar corpo no nosso Primeiro Ministro e este viesse agora dizer que tudo não passou de uma patética alegoria? Quantas caíriam no ridiculo de ver desmoronar as suas elaboradas teses? Alguém conseguiria quantificar a perda de tempo e energia gasta por tantos em torno de um suposto 'não assunto'?
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