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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A Eurábia e o avanço do islão

O mundo está a mudar, e sem se cometerem exageros xenófobos ou populistas, importa travar esta mudança que inevitavelmente levará os nossos filhos a conhecer uma sociedade radicalmente diferente daquela que nós conhecemos.

A Eurábia é uma teoria conspirativa que consiste em afirmar que em pouco mais do que algumas décadas o islamismo dominará a Europa.

Esta teoria é assente em circunstancialismos demográficos incontornáveis e irreversíveis, nomeadamente na taxa de natalidade verificada nos países europeus e nos fluxos de imigração que todos os dias engrossam o caudal de muçulmanos que chegam à Europa.

Bat Ye’or é o grande símbolo desta tese: Bat Ye’or é um pseudónimo de Gisele Littman, uma escritora, política e comentadora judia. Gisele Littman nasceu no Egipto, tem nacionalidade inglesa e sugere que a grande ofensiva islâmica que visa o estabelecimento de um grande califado em pleno território europeu nasceu ainda nos anos 70 do século passado, durante a crise do petróleo que terá levado os estados europeus a fazer cedências aos países árabes extratores, nomeadamente no que diz respeito à imigração.

Na base desta dissertação, e além dos critérios objectivos das mudanças demográficas, estão outros mais subjectivos e até populistas: O cristianismo, a base religiosa e profundamente cultural da Europa está em crise de valores e a perder fieis; A política externa europeia, detentora de interesses nos países árabes, nomeadamente no magrebe, prefere aliar-se a estes e virar costas aos Estados Unidos e a Israel; a defesa da compatibilidade da coexistência entre o islão e a cultura europeia; os sentimentos de culpa latentes causados por períodos como os das cruzadas ou do holocausto; e ainda a assunção de um certo relativismo cultural que releva para segundo plano a moral e a ética e deixa a definição do bem e do mal, do certo e do errado, sob avaliação de cada cultura, levando na prática os europeus a aceitar e tolerar comportamentos nos outros que repudia nos seus.

Manifestando-se em 2004 contra a adesão da Turquia à União Europeia, o comissário europeu holandês Frits Bolkenstein afirmou que as tendências de então o levariam à conclusão de que, num futuro próximo, os Estados Unidos permaneceriam como a única grande potência militar, que a China se tornaria num gigante económico e que a europa seria islamizada.

Vejamos o cenário que pode estar presente na mente de Bolkenstein: para que uma civilização possa sobreviver por cada 25 anos mais, é necessária registar-se uma taxa de natalidade de 2,1 filhos por casal. Na europa, a desconjunção das famílias tradicionais, a alteração do papel da mulher na sociedade e no trabalho e a falta de confiança, levam cada vez mais cidadãos a adiar o nascimento dos seus filhos e até a assumidamente negar a sua intenção de ser pais e mães. Historicamente, nunca antes nenhum povo sobreviveu com uma taxa de natalidade abaixo de 1,9 nascimentos por família. Caso esta taxa alguma vez se verifique estar abaixo de 1,3 serão precisos 80 a 100 anos para reverter a tendência sendo bem provável que esse povo não resista aos devastadores efeitos económicos que o envelhecimento da população nesta situação suscita.

Há cinco anos atrás, alguns dos principais países europeus revelavam taxas de natalidade baixíssimas: França (1,8), Inglaterra (1,6), Alemanha (1,3), Itália (1,2) e Espanha (1,1), sendo que em todos os países da União Europeia esta taxa atingia uma inquietante média de 1,52.

Não obstante esta fraca produtividade na geração de novos cidadãos, o número de habitantes na europa tem vindo a crescer a bom ritmo fruto da imigração muçulmana. Desde o início dos anos 90 este fenómeno tem sido responsável por 85% do crescimento da população. Importante será ainda acrescentar que para além dos novos habitantes que diariamente entram nas nossas fronteiras, os muçulmanos desequilibram definitivamente a balança com a sua elevada fertilidade.

Em França, como vimos, a taxa de natalidade é de 1,8, mas se analisarmos apenas a população islâmica deparamo-nos com uns surpreendentes 8,1 filhos por família (4,5 no total dos árabes na europa). Ainda segundo dados demográficos do governo francês, 15% dos jovens com menos de 20 anos é de origem muçulmana e se olharmos isoladamente para grandes cidades como Paris, Nice ou Marselha este número cresce para 45%, esperando-se que 20% do total da população seja islâmica daqui a apenas 15 anos e supere os 50% em menos de 40 anos.

Em Inglaterra, nos últimos 30 anos a comunidade muçulmana cresceu de 82 mil para 2 milhões e meio de cidadãos. Na Holanda, 50% dos recém-nascidos em todo o território é já de origem muçulmana e também neste país se espera que em apenas 15 anos a maioria da população seja de origem islâmica. A Rússia conta neste momento com um contingente de 23 milhões de muçulmanos, ou seja, 1 em cada 5 dos seus habitantes e na Bélgica, como na Holanda, metade dos nascimentos são de filhos de muçulmanos que representam já 25% do total da população abaixo dos 25 anos. O governo alemão já afirmou que é necessário desenvolver políticas que incentivem o crescimento da taxa de natalidade entre os nativos alemães, caso contrário tornar-se-ão num estado islâmico antes de 2050.

De acordo com esta evolução, em 2025, um terço dos nascimentos em toda a Europa acontecerá no seio de famílias muçulmanas e este número pode aumentar substancialmente no caso dos países da União Europeia aceitarem a Turquia como novo estado membro.

Muammar Khadafi afirmou que "há sinais de que Alá garantirá a vitória do Islão na europa sem espadas, sem armas, sem conquistas. Não precisaremos de bombistas nem de suicidas. Em poucas décadas, os mais de 50 milhões de muçulmanos na europa encarregar-se-ão de a transformar num continente islâmico”. De acordo com o instituto alemão Central Institute Islam Archive e excluindo a Turquia, em 2007 eram já 53 milhões os muçulmanos na europa representando 7,2% de toda a população europeia e 16 milhões na União Europeia, o equivalente a 3,2% dos cidadãos. Nos próximos 20 anos espera-se que este número duplique e atinja os 106 milhões em território europeu.

De resto, este cenário de crescimento do islão fora das suas fronteiras naturais atinge igualmente a américa do norte: No Canadá, a taxa de natalidade é de 1,6 e o islamismo é a religião e a cultura que mais cresce. Só entre 2001 e 2006 a população total cresceu 1,6 milhões sendo 1,2 milhões graças à imigração. A taxa de natalidade nos Estados Unidos ronda também os 1,6 e a sua população tem evoluído devido especialmente ao aumento do número dos seus muçulmanos que cresceu de 100 mil em 1970 para 9 milhões em 2009.

Em 2006, 24 organizações islâmicas reuniram-se em Chicago e documentos transcritos desse encontro mostram em detalhe a estratégia para a evangelização da europa e dos Estados Unidos através do jornalismo, da política e da educação. Em muitas localidades francesas e inglesas, o número de mesquitas já suplantou o número de igrejas e dentro de apenas 5 anos, o islamismo será a religião dominante no mundo.

O mundo está a mudar e, sem se cometerem exageros xenófobos ou populistas, importa travar esta mudança que inevitavelmente levará os nossos filhos a conhecer uma sociedade radicalmente diferente daquela que nós conhecemos. Os movimentos fascistas e de extrema direita estão perigosamente a ganhar força e dinâmica não só em países latentemente conflituosos em termos raciais como a França e em certa medida a Inglaterra, mas também em países historicamente moderados e tolerantes como a Holanda, a Áustria, a Suíça, a Finlândia ou a Suécia.

Urgem pois, tomar medidas que incentivem a natalidade e que voltem a promover o conceito de família tradicional. Urge o desenvolvimento de políticas que permitam aos casais sentirem-se seguros e suficientemente confiantes para constituírem essas famílias devolvendo-lhes a vontade e o desejo de serem pais e mães.
 

domingo, 25 de novembro de 2012

A tristeza de ser Cristiano

A de 5 Setembro de 2012 e a propósito do súbtito ataque de tristeza de Cristiano Ronaldo, John Carlin, jornalista do El País escreveu e publicou um artigo que explica como os êxitos de Lionel Messi perturbam o jogador português. Para ilustrar o que deveria ser a relação de respeito dos dois melhores futebolistas do momento serve-se da relaçao de estima e de reconhecimento mútuo entre os dois maiores ícones do ténis mundial: Rafael Nadal e Roger Federer.

O surpreendente - o realmente espantoso - é que não haja mais desportistas de elite que se comportem como umas crianças malcriadas.

Pergunte-se, estimado leitor, como seria se aos 20 anos, quase da noite para o dia, você deixasse de ser um rapaz anónimo para se tornar num multimilionário famoso perseguido por fãs, media e mulheres. O normal - e este que aqui escreve não se exclui dessa hipótese - seria que isso lhe subisse à cabeça, que se tornasse egocêntrico, convencido, indiferente aos outros e, para a maioria das pessoas, mais ridículo que admirável.

A não ser que o jovem tenha a sorte de contar com gente à sua volta capaz de antever o perigo que corre e entender que, pelo menos durante um tempo, é imprescindível submeter-se a uma dieta rigorosa de humildade e fazer todo o possível - sem eliminar necessariamente a opção extrema de recorrer a uma bofetada - para que mantenha os pés na terra.

O espantoso, repetimos, é que a maioria destes fenómenos do desporto mundial pareçam encarar a celebridade e o dinheiro com bastante integridade. Especialmente em Espanha.

Seria mais difícil escrever estas palavras num jornal de Inglaterra, por exemplo, uma vez que ali os futebolistas nacionais mais conhecidos não gozam de boa fama. Dizer que Wayne Rooney, John Terry, Ashley Cole ou Rio Ferdinand são malcriados é uma questão cuja veracidade ninguém duvida. Em contrapartida, quando olhamos para a selecção espanhola campeã do mundo, todos dão a impressão - salvo para aqueles que fazem os seus juízos morais em função dos clubes que seguem - de ser boas pessoas, a começar pelos dois vencedores do prémio Príncipe das Astúrias, Iker Casillas e Xavi Hernández. O que nos serve para demonstrar uma vez mais que a solidariedade familiar é um dos campos da vida, juntamente com o futebol e o turismo, nos quais Espanha pode competir com qualquer um.

O triste, para usar o adjectivo da moda nos últimos tempos, é quando quem está à volta do desportista não inibe a egolatria, pelo contrário, alimenta-a. E, como consequência, o personagem conhece-se pouco a si próprio, não é capaz de entender o mundo que o rodeia, nem de interpretar as reacções que provoca nas pessoas.

Olhar para Cristiano Ronaldo agora, e ver a confusão em que se meteu, faz-me pensar numa conversa que tive num bar de Buenos Aires há alguns anos com Roberto Perfumo, ex-capitão da selecção argentina de futebol, sobre Diego Maradona. Maradona estava péssimo naquela altura. Obeso, à beira da morte, preso às suas dependências. Júlio César tinha um escravo sempre à mão, contou-me Perfumo, que lhe dizia: "Lembra-te que não és deus! Lembra-te que não és deus." O problema de Maradona, explicou Perfumo, foi que, desde uma tenra idade e até ao resto da sua vida, esteve rodeado de pessoas que lhe diziam o contrário: "Lembra-te que és deus! Lembra-te que és deus!" Maradona sofreu a agravante de boa parte da população argentina se juntar ao coro celestial.

Esse destino, ao menos, não calhou a Cristiano Ronaldo. O grave é que o endeusamento incondicional de Maradona parece ser precisamente o que falta ao jogador português. Segundo o que os media publicaram recentemente, depois de se ter recusado a celebrar os dois golos que marcou contra o Granada - explicou a seguir que não o fez porque estava "triste" -, Ronaldo não se sente suficientemente querido pelo seu clube, o Real Madrid. Precisa que o adorem mais. Precisa que o adorem como adoram aqueles que o rodeiam. E aquilo que se passou, claro, é que hoje é menos adorado que nunca.

Foi mal assessorado; aqueles que o deveriam ter aconselhado não o fizeram. Primeiro, ninguém vai falar com Florentino Pérez [presidente do Real Madrid], como ele fez na véspera do jogo contra o Granada, a queixar-se da tristeza que sente quando Pérez acaba de perder a mulher. Segundo, não se anuncia ao mundo como estamos insatisfeitos com a vida quando ganhamos um salário de dez milhões de euros líquidos por ano e a maioria dos adeptos, e não adeptos, ou vivem as duras consequências ou sofrem da incerteza de uma dura crise económica. Ronaldo tentou corrigir-se, declarando dois dias depois do seu desabafo que o dinheiro não é tudo. Mas os danos estavam feitos. Como se mostrou de forma clara através de uma sondagem do diário As, os fãs do Real Madrid não vêem com bons olhos as queixas do seu melhor jogador. Custa a acreditar que o impacto seja muito positivo na já complicada relação de Ronaldo com alguns dos seus companheiros de balneário.

É instrutivo fazer uma comparação com Rafael Nadal que - como adepto do Real Madrid - admira a qualidade futebolística de Cristiano Ronaldo. Nadal é o exemplo por excelência do desportista de elite cuja personalidade não foi contaminada pelo êxito. Sabe distinguir entre "Rafa", o mundialmente famoso gladiador das pistas de ténis, e "Rafael" (como lhe chamam aqueles que toda a vida o conheceram), a pessoa que continuaria a mesma, com as suas debilidades e as suas virtudes, caso tivesse ficado na sua terra natal, Manacor, a gerir o negócio de móveis da família. Como ele mesmo explicou, tem uma noção muita clara da distinção entre aquilo que fez e aquilo que é.

Ronaldo declarou no ano passado, sem ponta de ironia, que as pessoas invejavam-no por ser "rico, giro e um grande jogador". No dia em que Nadal dissesse uma coisa dessas - que não diria nunca - punham-no fora de casa.

A sensatez de Nadal parte das pessoas que o rodeiam. Quando ganhava campeonatos na infância, a família recordava-lhe que a maioria dos rapazes que tinham conquistado aqueles mesmos troféus anteriormente passaram para o anonimato quando chegaram a adultos. Quando, com 14 anos, raparigas da sua idade faziam fila para lhe pedir autógrafos, os pais e a irmã faziam troça dele. Quando venceu o torneio de Roland Garros e disse ao pai que lhe apetecia comprar um carro desportivo de luxo, o pai respondeu-lhe: "Não te passes." Com a sua equipa profissional - o seu agente, chefe de imprensa, preparador físico, fisioterapeuta -, a relação é a mesma. São amigos que lhe dizem tudo, que se riem uns dos outros. Elogios, só os mínimos.

Quanto ao grande rival de Nadal, Roger Federer, quer o próprio Rafa como o seu tio Toni, seu treinador, têm muito claro e não têm problemas em confessá-lo: Federer possui um talento natural sem paralelo. O suíço é o melhor de todos os tempos, e ponto final.

Tanto o treinador como o agente de Ronaldo, pelo contrário, não perdem uma oportunidade de lhe dizer o que ele quer ouvir: que ele é o maior, que é o melhor. E, concretamente, que é melhor que a sua Némesis (Némessi?), Lionel Messi. É difícil evitar a conclusão de que o actual imbróglio em que Ronaldo se meteu levou anos a encubar e que partiu da raiva e da dor que lhe causou ver o argentino levar as três últimas bolas de ouro, o maior prémio individual do futebol.

Ronaldo joga futebol como se fosse tenista; como se competisse num desporto individual.

É, como Nadal, uma força da natureza. Com excepção de Messi, não há ninguém que marque tantos golos. Mas, ao contrário de Messi, não tem o dom associativo que é um elemento intrínseco do desporto conhecido desde o seu início como "Associação de Futebol". Ronaldo vê a equipa rival; Messi vê a equipa rival e os seus companheiros espalhados por todo o campo. Os entes queridos de Ronaldo parecem partilhar essa mesma estreiteza de vistas.

Por exemplo, a informação revelada por dois amigos que assistiram a um jogo da Liga de Campeões do Real Madrid há dois anos num camarote do estádio do Barnabéu partilhado com a família de Ronaldo: chamou-lhes muito a atenção a falta de interesse da família Ronaldo pelas jogadas da equipa, pelos golos que marcaram outros dos seus companheiros, ou até pelo resultado. O foco único e exclusivo da sua atenção era Ronaldo. O próprio Ronaldo - nem sempre, mas às vezes - foi visto a cair neste alheamento no campo, incapaz de celebrar os golos da sua equipa que não foi ele a marcar.

Não é de surpreender, então, que Ronaldo se tenha mostrado tão indisfarçadamente desesperado este ano por triunfar tanto a nível individual como a nível da equipa e vencer a bola de ouro; nem surpreendeu que, depois de não conseguir o menos prestigiado prémio de melhor jogador da Europa, que foi para Iniesta, fosse incapaz de ocultar o seu enfado, a sua decepção. A sua cara no ecrã, vista por milhões de pessoas em todo o mundo, era a de um homem que se sente vítima de uma injustiça colossal.

Uma injustiça ainda maior por achar que o seu clube foi cúmplice. Sergio Ramos, jogador do Real Madrid, celebrou de forma efusiva no Twitter o prémio de Iniesta, jogador do Barcelona mas seu companheiro na selecção espanhola. A imprensa madrilena também o celebrou e, ainda pior, mostrou-se partidária, como alguns jogadores do Madrid, de que este ano quem deveria levar a bola de ouro era Casillas, capitão da toda-poderosa Espanha.

O treinador do Real Madrid insiste que Ronaldo o deveria ganhar mas, para desgosto de Ronaldo, nem todo o clube remou na mesma direcção. O pior, a traição maior, chegou do lugar mais inesperado. Marcelo, o lateral brasileiro do Real Madrid e um dos amigos mais próximos de Ronaldo no balneário desde que o português chegou a Espanha há três anos, declarou em Junho, mesmo antes da partida da sua selecção contra a Argentina, que Messi era o melhor do mundo. Como transpareceu agora, Ronaldo deixou de considerar Marcelo um amigo.

O centro do desgosto que afecta Ronaldo é Messi, como sabem todos os adeptos das equipas rivais do Real Madrid e de Portugal. E demonstram-no quando troçam de Ronaldo, pondo o dedo na chaga com essa crueldade própria do rancor, gritando o nome do argentino cada vez que recebe a bola. Messi corrói as entranhas a Ronaldo. Federer não corrói as entranhas a Nadal. Aqui se vê a diferença entre o maiorquino e o português. Nadal, por entender que Federer é melhor tenista que ele, está em paz. Quando o vence, fantástico. Teve um bom dia, deu o melhor de si e mereceu-o.

Mas quem passará à história como o grande talento nato do ténis é Federer.

Talvez Ronaldo tenha consciência em algum canto remoto do seu cérebro - como o tem todo o mundo futebolístico excepto os madrilistas mais cegos - de que Messi é melhor, mais completo, mais dotado por natureza para o futebol de associação. Messi é um jogador, mas também poderia fazer de Xavi, de director de orquestra, papel que seguramente exercerá no final da sua carreira. Ronaldo nunca poderá cumprir essa função e por isso nunca será tão grande. Ainda que no fundo o intua, é uma verdade que ele é incapaz de encarar.

Da nega e da negação, como qualquer psicólogo sabe, partem os complexos. Messi não é a raiz da questão; Messi é o grande sintoma da sua infelicidade.

Talvez exista alguma figura no seu círculo disposta a dizer-lhe as duras verdades de que necessita, para o seu bem-estar, ouvir. Talvez procure tratamento para este manifesto narcisismo que tanto sofrimento lhe causa. Ou quem sabe se, por piedade ou compaixão, os votantes da bola de ouro acabem por aligeirar as suas dores, ainda que apenas por algum tempo, dando-lhe em Dezembro o prémio que tanto cobiça e que todos os euros do mundo não podem comprar.

Entretanto, a moral da história é simples e pouco original. O dinheiro não é garantia de felicidade. Ser giro, famoso e um grande jogador não serve de escudo contra a tristeza

John Carlin
 

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A verdade sobre a Cisjordânia

A solução para o problema não é fácil e parece não estar ao alcance de qualquer truque de magia. A única forma das partes chegarem a um compromisso ou a um entendimento definitivo é basearem as suas exigências nas negociações em factos legais e históricos e não em fantasias tantas vezes contadas como fábulas pelos media mundiais.

Normalmente, as referências à Cisjordânia são feitas em termos como ‘territórios ocupados’, aludindo às ‘fronteiras de 1967’ e a história propagandística que normalmente ouvimos soa-nos como muito razoável, simples e sobretudo credível: Durante a guerra dos seis dias, Israel tomou a Cisjordânia aos Palestinianos, recusou o pedido das Nações Unidas para retirar e iniciou a construção ilegal de colunatos judaicos nos territórios ditos ocupados.

Importa, no entanto, esclarecer, que esta não é a verdade histórica dos factos mas sim a versão que ao longo dos tempos nos têm erradamente contado.

Em primeiro lugar, Israel não conquistou os territórios aos Palestinianos. Em 1967 não existia na região - como hoje continua a não existir - qualquer estado ou nação árabe designado por Palestina. Na verdade, em 1948 e após o anúncio da criação do Estado de Israel e do consequente início da guerra israelo-árabe, a Jordânia ocupou a zona até aí conhecida por Judeia e Samaria mudando-lhe o nome para Cisjordânia. Esta ocupação nunca foi legalmente reconhecida, nem por nenhuma organização internacional, nem sequer por qualquer um dos outros estados árabes.

Ora, se a Jordânia não tinha nenhum direito legal sobre as terras e se a Palestina não existia, a quem pertenciam afinal os territórios?

Até 1917, o império Otomano ocupava toda esta região e após perderem a primeira guerra mundial os Otomanos entregaram as terras que eram suas há quinhentos anos às forças aliadas, França e Inglaterra, que decidiram dividir o império em países. Em 1919, o primeiro-ministro britânico, Lord Balfour reconheceu então o direito histórico do povo judeu à sua terra natal: Uma pequena área equivalente a 1% do médio oriente foi designada para esse fim e a Inglaterra foi autorizada pela Sociedade das Nações a promover a criação de um estado judeu.

O Estado Judeu originalmente definido incluía não só a margem Este do Rio Jordão como a margem Oeste (West Bank, o nome internacional da Cisjordânia). Foi assim que foi aceite de acordo com a resolução da Sociedade das Nações e reafirmado mais tarde pelas Nações Unidas uma vez terminada a segunda guerra mundial.

A resolução 181 da Assembleia Geral das Nações Unidas, que anunciou o fim do mandato britânico, aconselhava a criação de dois estados: um judeu e um árabe. Os judeus aceitaram a resolução e criaram o seu Estado a 14 de Maio de 1948, enquanto os árabes recusaram o compromisso e iniciaram uma guerra contra os judeus. Os efeitos da resolução 181 que tinha um caracter não obrigatório, foram deste modo suspensos.

Quando em 1949 se acordou o primeiro cessar-fogo as fronteiras delimitadas pelas posições de defesa do exército judaico nunca foram aceites pelos árabes que não lhes atribuíram nenhum significado político. Estas fronteiras foram as que se mantiveram até 1967.

Por esta razão, é um erro histórico afirmar-se que estas são as fronteiras de 1967: Desde logo porque remontam a 1949 e sobretudo porque nunca foram fronteiras reconhecidas nem pelos árabes nem pelas instâncias do direito internacional.

Neste sentido, a Cisjordânia é, de acordo com a lei internacional, uma zona onde existem ou existiram disputas territoriais e que não estão definidas como ocupadas como são igualmente exemplo Zubarah, uma velha cidade desértica e em ruinas na costa noroeste do Qatar, a ilha de Tumbs, a sul do Irão, o Saara Ocidental, a região de Cachemira, entre a India e o Paquistão e muitas outras zonas do globo que se encontram sem qualquer jurisdição. Todas estas áreas são consideradas pelo direito internacional como territórios em disputa e não como territórios ocupados.

Em 1967, na guerra dos seis dias, Israel foi atacado por uma trilogia de países árabes de que faziam parte o Egipto, a Síria e a Jordânia, apoiados pelo Iraque, pelo Koweit, Arábia Saudita, Argélia e Sudão.

A Cisjordânia, como atrás se referiu, era um território que pertencia à Jordânia que foi um dos agressores de Israel neste conflito atacando-o conjuntamente com o Egipto e a Síria. Todas estas nações árabes tiveram o apoio objectivo da então União Soviética, que se encarregou de os armar antes e depois da guerra e de, com eles, pressionar fortemente as Nações Unidas para considerarem Israel o Estado agressor. A ONU recusou sempre atribuir esse estatuto a Israel preferindo manter a agressão sob responsabilidade dos países árabes e a sua resolução 242 não exigiu a Israel uma retirada unilateral das zonas conquistada, exigindo, no entanto, que fosse negociada uma solução entre as partes que permitisse a Israel deter fronteiras seguras e reconhecidas politicamente.

Deste modo, a presença de Israel na Cisjordânia é resultado de um processo de auto defesa e a Cisjordânia não devia ser considerada como território ocupado porque não havia nenhum poder soberano na região: A definição legal mais consentânea para a zona é a de território em disputa. A resolução 181 da Assembleia da ONU, que aconselhava a criação de um estado judaico e outro árabe não tem qualquer efeito vinculativo porque nunca foi aceite pelos árabes. O direito do povo judeu ao seu próprio estado confessional foi viabilizado em 1917 e várias outras vezes confirmado durante o século XX, quer pela Sociedade das Nações quer pela Organização das Nações Unidas.

A solução para o problema não é fácil e parece não estar ao alcance de qualquer truque de magia. A única forma das partes chegarem a um compromisso ou a um entendimento definitivo é basearem as suas exigências nas negociações em factos legais e históricos e não em fantasias tantas vezes contadas como fábulas pelos media mundiais.
 

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Toda a vida europeia morreu em Auschwitz

"Se os árabes depusessem hoje as suas armas não haveria mais violência. Se os judeus depusessem hoje as suas armas não haveria mais Israel."
(Benjamin Netanyahu).


Desci uma rua em Barcelona, e descobri repentinamente uma verdade terrível. A Europa morreu em Auschwitz. Matámos seis milhões de Judeus e substituímo-los por 20 milhões de muçulmanos. Em Auschwitz queimámos uma cultura, pensamento, criatividade, e talento. Destruímos o povo escolhido, verdadeiramente escolhido, porque era um povo grande e maravilhoso que mudara o mundo.

A contribuição deste povo sente-se em todas as áreas da vida: ciência, arte, comércio internacional, e acima de tudo, como a consciência do mundo. Este é o povo que queimámos. E debaixo de uma pretensa tolerância, e porque queríamos provar a nós mesmos que estávamos curados da doença do racismo, abrimos as nossas portas a 20 milhões de muçulmanos que nos trouxeram estupidez e ignorância, extremismo religioso e falta de tolerância, crime e pobreza, devido ao pouco desejo de trabalhar e de sustentar as suas famílias com orgulho.

Eles fizeram explodir os nossos comboios, transformaram as nossas lindas cidades espanholas num terceiro mundo, afogando-as em sujeira e crime.

Fechados nos seus apartamentos recebem, gratuitamente, do governo, e planeiam o assassinato e a destruição dos seus ingénuos hospedeiros. E assim, na nossa miséria, trocamos a cultura por ódio fanático, a habilidade criativa, por habilidade destrutiva, a inteligência por subdesenvolvimento e superstição.

Trocamos a procura de paz dos judeus da Europa e o seu talento, para um futuro melhor para os seus filhos, a sua determinação, o seu apego à vida porque a vida é santa, por aqueles que prosseguem na morte, um povo consumido pelo desejo de morte para eles e para os outros, para os nossos filhos e para os deles. Que terrível erro cometeu a miserável Europa.

O total da população islâmica (ou muçulmana) é de, aproximadamente, um bilião e duzentos milhões ou seja 20% da população mundial. Eles receberam 7 Prémios Nobel:

Literatura
1988 - Najib Mahfooz


Paz
1978 - Mohamed Anwar El-Sadat
1990 - Elias James Corey
1994 - Yaser Arafat
1999 - Ahmed Zewai


Medicina
1960 - Peter Brian Medawar
1998 - Ferid Mourad

O total da população Judaica é de, aproximadamente, catorze milhões ou seja cerca de 0,02% da população mundial. Estes receberam 128 Prémios Nobel:

Literatura
1910 - Paul Heyse
1927 - Henri Bergson
1958 - Boris Pasternak
1966 - Shmuel Yosef Agnon
1966 - Nelly Sachs
1976 - Saul Bellow
1978 - Isaac Bashevis Singer
1981 - Elias Canetti
1987 - Joseph Brodsky
1991 - Nadine Gordimer World


Paz
1911 - Alfred Fried
1911 - Tobias Michael Carel Asser
1968 - Rene Cassin
1973 - Henry Kissinger
1978 - Menachem Begin
1986 - Elie Wiesel
1994 - Shimon Peres
1994 - Yitzhak Rabin


Física
1905 - Adolph Von Baeyer
1906 - Henri Moissan
1907 - Albert Abraham Michelson
1908 - Gabriel Lippmann
1910 - Otto Wallach
1915 - Richard Willstaetter
1918 - Fritz Haber
1921 - Albert Einstein
1922 - Niels Bohr
1925 - James Franck
1925 - Gustav Hertz
1943 - Gustav Stern
1943 - George Charles de Hevesy
1944 - Isidor Issac Rabi
1952 - Felix Bloch
1954 - Max Born
1958 - Igor Tamm
1959 - Emilio Segre
1960 - Donald A. Glaser
1961 - Robert Hofstadter
1961 - Melvin Calvin
1962 - Lev Davidovich Landau
1962 - Max Ferdinand Perutz
1965 - Richard Phillips Feynman
1965 - Julian Schwinger
1969 - Murray Gell-Mann
1971 - Dennis Gabor
1972 - William Howard Stein
1973 - Brian David Josephson
1975 - Benjamin Mottleson
1976 - Burton Richter
1977 - Ilya Prigogine
1978 - Arno Allan Penzias
1978 - Peter L Kapitza
1979 - Stephen Weinberg
1979 - Sheldon Glashow
1979 - Herbert Charles Brown
1980 - Paul Berg
1980 - Walter Gilbert
1981 - Roald Hoffmann
1982 - Aaron Klug
1985 - Albert A. Hauptman
1985 - Jerome Karle
1986 - Dudley R. Herschbach
1988 - Robert Huber
1988 - Leon Lederman
1988 - Melvin Schwartz
1988 - Jack Steinberger
1989 - Sidney Altman
1990 - Jerome Friedman
1992 - Rudolph Marcus
1995 - Martin Perl
2000 - Alan J. Heeger


Economia
1970 - Paul Anthony Samuelson
1971 - Simon Kuznets
1972 - Kenneth Joseph Arrow
1975 - Leonid Kantorovich
1976 - Milton Friedman
1978 - Herbert A. Simon
1980 - Lawrence Robert Klein
1985 - Franco Modigliani
1987 - Robert M. Solow
1990 - Harry Markowitz
1990 - Merton Miller
1992 - Gary Becker
1993 - Robert Fogel


Medicina
1908 - Elie Metchnikoff
1908 - Paul Erlich
1914 - Robert Barany
1922 - Otto Meyerhof
1930 - Karl Landsteiner
1931 - Otto Warburg
1936 - Otto Loewi
1944 - Joseph Erlanger
1944 - Herbert Spencer Gasser
1945 - Ernst Boris Chain
1946 - Hermann Joseph Muller
1950 - Tadeus Reichstein
1952 - Selman Abraham Waksman
1953 - Hans Krebs
1953 - Fritz Albert Lipmann
1958 - Joshua Lederberg
1959 - Arthur Kornberg
1964 - Konrad Bloch
1965 - Francois Jacob
1965 - Andre Lwoff
1967 - George Wald
1968 - Marshall W. Nirenberg
1969 - Salvador Luria
1970 - Julius Axelrod
1970 - Sir Bernard Katz
1972 - Gerald Maurice Edelman
1975 - Howard Martin Temin
1976 - Baruch S. Blumberg
1977 - Roselyn Sussman Yalow
1978 - Daniel Nathans
1980 - Baruj Benacerraf
1984 - Cesar Milstein
1985 - Michael Stuart Brown
1985 - Joseph L. Goldstein
1986 - Stanley Cohen [& Rita Levi-Montalcini]
1988 - Gertrude Elion
1989 - Harold Varmus
1991 - Erwin Neher
1991 - Bert Sakmann
1993 - Richard J. Roberts
1993 - Phillip Sharp
1994 - Alfred Gilman
1995 - Edward B. Lewis
1996- Lu RoseIacovino


Os judeus não estão a promover lavagens cerebrais a crianças em campos de treino militar, ensinando-os a fazerem-se explodir e a causar o máximo de mortes possível a judeus e a outros não muçulmanos. Os judeus não tomam de assalto aviões, não matam atletas nos Jogos Olímpicos, nem se fazem explodir em restaurantes alemães. Não há um único judeu que tenha destruído uma igreja. Não há um único judeu que proteste matando pessoas. Os judeus não traficam escravos, não têm líderes a clamar pela Jihad Islâmica e pela morte a todos os infiéis.

Talvez os muçulmanos do mundo devessem procurar investir mais numa educação modelo para as suas crianças e menos em culpabilizarem os judeus por todos os seus problemas. Os muçulmanos deviam perguntar o que poderiam fazer pela humanidade antes de pedir que a humanidade os respeite.

Independentemente dos seus sentimentos sobre a crise entre Israel e os seus vizinhos palestinianos e árabes, mesmo que creiamos que há mais culpas na parte de Israel, as duas frases que se seguem realmente dizem tudo:

"Se os árabes depusessem hoje as suas armas não haveria mais violência. Se os judeus depusessem hoje as suas armas não haveria mais Israel."
(Benjamin Netanyahu).


Por uma questão histórica, quando o Comandante Supremo das Forças Aliadas, o General Dwight Eisenhower, encontrou todas as vítimas mortas nos campos de concentração nazi, mandou que as pessoas ao visitarem esses campos de morte, tirassem todas as fotografias possíveis, e para os alemães das aldeias próximas serem levados através dos campos e que enterrassem os mortos. Ele fez isto porque disse de viva voz o seguinte: "Gravem isto tudo hoje. Obtenham os filmes, arranjem as testemunhas, porque poderá haver algum malandro lá em baixo, na estrada da história, que se levante e diga que isto nunca aconteceu."

Recentemente, no Reino Unido, debateu-se a intenção de remover o holocausto do programa das suas escolas, porque era uma ofensa para a população muçulmana, a qual diz que isto nunca aconteceu. Até agora ainda não foi retirado do programa escolar. Contudo é uma demonstração do grande receio que está a preocupar o mundo e a facilidade com que as nações o estão a aceitar.

Já passaram mais de sessenta anos depois da Segunda Guerra Mundial na Europa ter terminado. Depois do ataque ao World Trade Center, quantos anos passarão antes que se diga "NUNCA ACONTECEU" , porque isso pode ofender alguns muçulmanos nos Estados Unidos ?

Sebastian Vilar Rodriguez

 

terça-feira, 13 de novembro de 2012

A criança, o velho e o cão

Enquanto a sociedade não souber resolver o problema das crianças e dos idosos, recuso-me a alinhar nesta esquizofrenia colectiva que é a defesa dos animais. Até porque acredito que há espaço e tempo e é possível a convivência de todos.

Dizer-se que esta sociedade de hoje está despida de valores é verdadeiramente inacreditável. O que é aceitável dizer-se desta sociedade é que tem a sua hierarquia de valores algo distorcida. Se não vejamos:

Há uns dias atrás recebi mais uma daquelas mensagens com um apelo para que se ajudasse um animal, um cão, que ficou despojado do seu lar. O que esta história tem de diferente de tantas outras, é que ninguém abandonou o animal. A família composta pelo pai, pela mãe e pelos dois filhos foi desalojada porque o seu banco accionou a hipoteca de que era titular, deixando na rua os quatro elementos do agregado e o seu cão.

A mensagem tinha como título: ajudem o cão! Que me perdoe o animal porque não me recordo o seu nome, mas o que verdadeiramente me impressionou foi a indiferença a que, nesse apelo, as pessoas que viviam uma situação absolutamente dramática foram votadas.

Alguém disse em tempos que o nível de evolução de um povo pode ver-se na forma como trata os seus animais. Eu acredito nesse princípio e valorizo-o fortemente. Atribuo um valor incomensurável a todos aqueles que cumprindo um papel que não é o seu, se dedica ao voluntariado, a ajudar os animais, a procurar-lhes donos, a dar-lhes acolhimento e comida, a providenciar-lhes uma família, mas… esquecer ou desvalorizar as pessoas é uma completa aberração.

Na sociedade portuguesa existem dois problemas sociais graves e sistémicos: por um lado a cada vez mais baixa taxa de natalidade e por outro a falta de cuidado e de interesse nos idosos.

A redução do número de nascimentos a níveis históricos explica-se de muitas formas: as condições económicas em que vivem as famílias, o novo papel da mulher na sociedade e no emprego e a falta de políticas que incentivem a maternidade. Além disso, as alterações registadas no perfil e padrão das famílias e a ausência de laços que solidifiquem o conceito de unidade familiar têm também contribuído para este flagelo;

No lado oposto da vida, a velhice, chocam-nos os casos cada vez mais frequentes de idosos condenados ao abandono pelas famílias que criaram e ajudaram a erigir. Os que são financeiramente independentes ou que têm filhos que pagam para os depositar em lares de qualidade duvidosa são até aqueles que menos se podem queixar atendendo aos casos absurdos que as televisões nos mostram de idosos que morrem sozinhos em suas casas passando-se anos até que alguém dê pela sua falta.

Não se trata de não suportar mais o ruído das mensagens nas redes sociais com cães e gatos, uns normais e bonitos, outros feridos, doentes e mal tratados. Já todos conhecemos por certo as suas reconhecidas fidelidades e actos heroicos. Mas porque não se enaltecem e enobrecem as pessoas e os seus actos dignos, as suas facetas e as suas experiências? Porque não se dedicam o mesmo tempo e energia às pessoas, especialmente aquelas que mais necessitam da nossa atenção, carinho e humanismo.

Porque é que jovens casais preferem ter um cão ou um gato ao invés de ter um filho, de o criar e proteger e de o educar de modo a poder contribuir para um futuro colectivo de que todas as gerações futuras tirarão proveito e que porventura os realizará muito mais como seres humanos?

Por falta de tempo? Por falta de recursos? Por falta de meios? Obviamente que não! Ter um animal em casa exige tudo isso: Exige tempo e dedicação e custa dinheiro. A este propósito refiro que conheço famílias que levam os filhos, quando doentes, a esperar oito horas num hospital público mas correm para um veterinário (e pagam) sempre que o seu cão está prostrado e doente.

Os animais não nos exigem custos com amas ou infantários mas não podem, ao contrário das crianças, ser deixados com os avós. Por outro lado, ao deixarmos as nossas crianças com os avós estamos a veicular ensinamentos e experiência de vida aos mais novos e a dar utilidade e por via disso, longevidade e vitalidade aos mais velhos.

Não ouso questionar os serviços que a sociedade civil e anónima presta a tantos animais abandonados e carenciados. O que questiono é tão simplesmente a escala de valores que hoje estabelecemos sem nos dar conta.

Comovem-me obviamente os animais abandonados e mal tratados; comovem-me os gansos alimentados de forma abominável para produzir o melhor foie gras. Comovem-me as focas bebé mortas à paulada no Canadá ou as baleias mortas no japão, mas não partilho da máxima de que quanto mais conhecemos as pessoas mais devemos gostar dos animais.

Enquanto a sociedade não souber resolver o problema das crianças e dos idosos, recuso-me a alinhar nesta esquizofrenia colectiva da defesa dos animais. Até porque acredito que há espaço e tempo e é possível a convivência de todos.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Deixem o Sporting em paz!

Entristece-me muito o lugar que o Sporting ocupa; Entristece-me muito ter sete pontos em oito jornadas; Entristece-me o facto de estarmos a treze pontos dos nossos rivais. Mas entristece-me muito mais ler e ouvir diariamente pseudo personalidades que, com outros resultados, estariam de boca fechada. Não duvido que alguns sofram e sintam o Sporting como eu, mas por favor… Deixem o Sporting em paz!

O Sporting padece de muitos males. Está tecnicamente falido e tem um passivo enormíssimo face às receitas que é capaz de gerar.

Tem um plantel com alguns jogadores de qualidade muito discutível resgatados a clubes de dimensão europeia provenientes de campeonatos muito competitivos e onde se pagam salários elevadíssimos. O Sporting está vazio de activos porque estes jogadores milionários têm invariavelmente os seus passes hipotecados. Tem problemas graves de tesouraria que comprometem o pagamento de salários nos próximos meses

Tem um treinador, o terceiro da época e o quarto deste mandato, à procura de uma identidade para a equipa, que chegou e disse o óbvio, referindo a falta de qualidade do plantel e das suas soluções.

Continua a não ser respeitado por essa classe de vagabundos malfeitores que são os árbitros nem por quem os lidera e a não ter sorte em momentos chave como ontem mais uma vez se comprovou.

Tem uns estatutos obtusos que permitem eleger órgãos sociais adversários de listas antagonistas em eleições. Tem um Presidente que foi eleito à custa de personalidades que hoje já não tem. E também já não tem referências como Ricardo Sá Pinto ou Oceano Cruz.
Investiu no último ano e meio mais de quarenta milhões de euros em aquisições com os resultados que se conhecem, comprando pedaços de jogadores que sofreram forte desvalorização em meia dúzia de meses.

O Sporting é hoje o espelho do país. É uma instituição a saque de uns quantos que se servem da visibilidade que a grandeza do clube ainda lhes dá para se promoverem, para o usurparem e para desfilarem por entre cargos de Directores e Administradores de empresas que só José Roquette sabe para que foram criadas.

O único património efectivamente valioso que o Sporting tem é o amor incondicional das massas, dos adeptos anónimos, daqueles que vivem para o Sporting e que nada esperam em troca; o amor daqueles que apesar de anos de sucessivos fracassos continuam a pagar as suas quotas e a comprar as suas gameboxes; aqueles que acompanham e apoiam a equipa em cada campo deste país, quando chove e quando faz sol.

Eu, sócio 8.346, filiado pela mão do meu falecido pai no já longínquo mês de Fevereiro de 1979, detentor de duas gameboxes e que fiz sócios os filhos e os sobrinhos assim que nasceram, faço parte dessa massa anónima. Sofro a cada minuto de qualquer partida e não apoio nenhuma solução: Nem defendo que se realizem eleições nem o seu contrário. Não defendo Luis Godinho Lopes nem qualquer outro putativo Presidente. Só defendo o Sporting!

Como Jesus, o bíblico, fez com os vendedores no templo, apetece-me correr com esta corja miserável de oportunistas, que como qualquer abutre espera que o clube apodreça para o tomar de assalto e para lhe fazer sabe-se lá o quê, para o entregar sabe-se lá a quem. Apetece gritar bem alto para que deixem o Sporting em paz!

Entristece-me muito o lugar que o Sporting ocupa; Entristece-me muito ter sete pontos em oito jornadas; Entristece-me o facto de estarmos a treze pontos dos nossos rivais. Mas entristece-me muito mais ler e ouvir diariamente pseudo personalidades que, com outros resultados, estariam de boca fechada. Não duvido que alguns sofram e sintam o Sporting como eu, mas por favor… Deixem o Sporting em paz!

Ex Presidentes que contestam os actuais dirigentes e cujas passagens pelo Sporting, muito contribuiu para o estado actual do clube; Presidentes da Mesa da Assembleia Geral que se atiram aos outros órgãos sociais como gato ao bofe; supostos bufos e fugas de informação; comentadores que supostamente deviam defender o Sporting e que mais não fazem do que o atacar vilmente; candidatos derrotados em anteriores eleições e proeminentes figuras que todos os dias dão entrevistas nas quais não se encontra nada de positivo, nenhum ânimo, nenhum estímulo para os profissionais que servem diariamente o Sporting… Deixem o Sporting em paz!

Tudo isto é mau, muito mau. É feio e delicia os nossos adversários. É uma vergonha É a maior de todas as vergonhas. Maior até do que a goleada sofrida com o Videoton ou as derrotas e empates sucessivas na Liga. É um ultraje maior do que os 18 anos sem ganhar.

O Sporting é grande. É muito grande e tem uma força incomensurável. Tem a força que lhe é conferida pelo amor confesso de milhões de pessoas, de milhares de núcleos e casas espalhadas pelos quatro cantos do mundo.

A bem do Sporting é importante apagar esta fogueira de vaidades e parar este desfile de personalidades, de opiniões, de entrevistas. Abandonem o ‘dia seguinte’ o ‘trio de ataque’ e o ‘prolongamento’. Calem-se, por favor e deixem o Sporting em paz!

 

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

China, o eucalipto da economia mundial

O consumidor não tem como fugir a esta realidade: ou compra produtos sem qualidade numa das muitas lojas chinesas que povoam com cada vez maior densidade as nossas cidades, vilas e aldeias, ou se deslocam a uma loja de topo e compram um produto caro e de qualidade que julgam ter sido construído na Alemanha ou nos Estados Unidos e que afinal de contas foi produzido na China.

Napoleão Bonaparte fez há mais de duzentos anos atrás a profecia: “Deixem a China dormir porque quando acordar o mundo vai estremecer”.

A capacidade produtiva da indústria chinesa impressiona cada vez mais. Com os mesmos meios e recursos, uma unidade industrial chinesa tem a capacidade de produzir quarenta vezes mais do que qualquer fábrica europeia e com custos muitíssimo reduzidos.

A qualidade que até aqui foi um factor de competitividade das empresas ocidentais começa a desvanecer-se porque também neste particular, a qualidade, a China está a fazer progressos notáveis. A Broad Sustainable Building, uma empresa de construção chinesa foi capaz de erguer e inaugurar um hotel com 30 andares em apenas 360 horas, batendo o seu anterior recorde que consistia em construir um edifício de 15 andares em apenas 6 dias.

Além da capacidade produtiva e contrariando a sua falta de proximidade dos mercados europeus, a China tem sabido melhorar as suas redes viárias, portos, aeroportos e os próprios meios de transporte, aviões, comboios e sobretudo a sua frota de cargueiros. Com toda esta capacidade logística, é capaz de colocar no mercado europeu os seus produtos em menos de uma semana através de um sistema de barcos fábrica que se encarregam de montar o produto final já a caminho do seu comprador.

Muita desta força industrial chinesa, sabemos todos, tem por base alguns factores que nós, ocidentais, desprezamos: Uma absoluta falta de respeito pelo ambiente, pelas regras de conduta ética, pelos valores sociais e sobretudo um tremendo desrespeito pelos direitos humanos. Um operário chinês ganha em média 100 dólares por um período de trabalho diário de 8 horas e está tão agradecido ao seu empregador pela oportunidade que trabalha outras 8 horas pro bono.

Esta redução dos custos de mão-de-obra tem levado as grandes companhias europeias e americanas a uma estratégia que passa por tercear as suas actividades de produção para empresas chinesas ficando apenas com a gestão dos seus brands. Este caminho faz com que as empresas que outrora detiam fábricas gigantescas com milhares de funcionários, passem a necessitar apenas de uma dúzia de brilhantes marketeers para manter a sua empresa no auge com índices de rentabilidade muito superiores. Neste modelo, gestores que visam unicamente o lucro e que prestam contas aos seus accionistas, enriquecem-nos, fechando fábricas, lançando no desemprego os tais milhares de funcionários, baixando custos de produção, arruinando toda a economia e por essa via contribuindo para o fim da paz social no ocidente.

Enquanto os gestores e os donos destas companhias ficam satisfeitos com o lucro fácil e imediato, a China importa tecnologia e inteligência desenvolvendo no médio prazo unidades produtivas de elevada performance e qualidade.

O consumidor não tem como fugir a esta realidade: ou compra produtos sem qualidade numa das muitas lojas chinesas que povoam com cada vez maior densidade as nossas cidades, vilas e aldeias, ou se deslocam a uma loja de topo e compram um produto caro e de qualidade que julgam ter sido construído na Alemanha ou nos Estados Unidos e que afinal de contas foi produzido na China.

Dentro de pouco mais de uma década, se nada for feito, todos os grandes parques industriais da europa e dos Estados Unidos desaparecerão. Teremos de importar da China os sapatos e os têxteis que outrora produzíamos em quantidade e qualidade, gerando emprego riqueza e consolidação social.

Quando o ocidente despertar para esta nova ordem mundial, a China, terá o poder económico de impor as suas regras nos mercados, nomeadamente as que dizem respeito às questões aduaneiras e a uma europa falida será impossível reerguer as suas fábricas, pelo custo que tal política acarretaria e também porque os seus técnicos outrora altamente qualificados estarão obsoletos e vencidos por anos de desemprego e inactividade.

Esse será o tempo de entender que o mundo alimentou um enorme dragão e que acabou por ficar refém do mesmo. Esse será o tempo em que a China como única potência económica e industrial imporá a sua política de preços monopolistas.

Os nossos filhos e netos assistirão ao deflagrar de uma autêntica bomba atómica económica vinda da China e será tarde de mais para reagir. Os shareholders e os gestores das companhias que agora temos como prósperas estarão então desencantados a olhar para o esqueleto do que restou das suas fábricas e irão lembrar-se com muita saudade dos tempos em que ganhavam fortunas escravizando os chineses para obter baixos custos de produção e vendendo com margens de lucro impensáveis aos seus conterrâneos os produtos com as marcas que naquele momento já nada valerão porque deixaram de ser moda, foram copiadas e deixaram de ser poderosas.

 

Nova esquerda

E são estas bestas-quadradas que vêm agora clamar, passados quase 39 anos sobre aquele nefasto dia de Abril, que “Portugal precisa de um homem com inteligência e a honestidade do ponto de vista do Salazar para resolver a crise” e que “uma guerra na Europa é inevitável, devendo Portugal sair do euro e da União Europeia”, isto porque os europeus estariam a destruir o estado social.

Hoje decidi-me a falar da esquerda portuguesa. Não daquela boa e velha esquerda romântica, idealista, libertária, inteligente, que se desvanecia com as artes e com quase tudo quanto tinha a ver com o intelecto, e que se encontra em vias de extinção, mas da nova esquerda, personificada em dois gerontes que recentemente e só agora se pronunciaram sobre a crise em que ajudaram a colocar o nosso país. Refiro-me aos preclaros Otelo e Lourenço que em entrevistas disseram, o primeiro, que faz falta um Salazar para recuperar o país, o segundo, que devíamos sair do euro e da União Europeia.

O pensamento, passe a expressão, destas duas alimárias espelha na perfeição aquilo em que se tornou a esquerda portuguesa: uma massa amorfa, retrógrada, monolítica e burra como não há outra igual no tecido social português. Estas cabeças tontas, concretamente representadas por este par de sevandijas, falam de uma data como se de uma religião se tratasse, transformaram essa mancha da História de Portugal numa catilinária contra o Estado Novo em geral e mais directamente contra o Dr. Salazar, foram fazendo promessas a granel, incluindo uma, anunciada como prioritária, sobre a obrigação de nos “reintegrarmos” na Europa, mostrando logo aí a sua profunda ignorância do historial da nação onde foram, desgraçadamente, dados à luz, quando o destino nos poderia ter poupado a tanto, bastando o recurso a um estratagema por cuja legalização tanto se bateram. E são estas bestas-quadradas que vêm agora clamar, passados quase 39 anos sobre aquele nefasto dia de Abril, que “Portugal precisa de um homem com inteligência e a honestidade do ponto de vista do Salazar para resolver a crise” e que “uma guerra na Europa é inevitável, devendo Portugal sair do euro e da União Europeia”, isto porque os europeus estariam a destruir o estado social.

E que sacrossanta coisa será essa do “estado social”? É aquilo que estas luminárias, apoiadas então por alguns espertalhões da política, como um cujas bochechas deram brado e que deixou escola, tendo como melhor aluno um outro que também virou “parisiense”: viver à grande e à francesa sem trabalhar — estilo de vida suportado pelos contribuintes que de facto trabalham. E esta onerosa e insustentável infâmia inculcou-se de tal forma nos hábitos de alguns portugueses que agora vai ser mais difícil livrá-los dessa dependência do que desintoxicar um heroinómano. Enriquecer só é saudável se isso resultar de muito trabalho, de muito sacrifício, determinação e espírito empreendedor. Quando esta cambada recria em coro o “Grândola, Vila Morena” ou berra erraticamente que “o povo unido jamais será vencido”, ululando slogans cediços contra os ricos, não se dá conta de que “os ricos” que deveriam pagar a crise são eles próprios, porque enriqueceram de forma ilícita, a mesma com que muitos deles se licenciaram ou ascenderam a cargos públicos.

Desculpem lá o longo desabafo, mas é só porque andam por aí alguns especímenes desta casta desprezível, que se dão ao luxo de vomitar insultos nas páginas de quem tem princípios e preza defendê-los.

Nota final: esta “nova esquerda” é mais velha que o defecar.
 
João Braga

Salvador Dali e a refundação

A verdade, no entanto, é que pouco mais sabemos hoje do que as teses que se foram arquitectando em redor destas declarações ocupando e divertindo jornalistas, comentadores, leitores e espectadores, porque é destes soundbytes que vivem ambos de braço dado: agentes políticos e comunicação social.

Certo dia, quando questionado pela imprensa sobre a sua excentricidade, Salvador Dali respondeu "sou excêntrico mas também sou concêntrico". Saíu e durante semanas, toda a comunicação social, com especial relevo para os críticos de arte e para os seguidores do fenómeno Dali, tentaram decifar a declaração do génio, apresentando um conjunto vasto de teses, defendendo-as e comentando-as vivamente.

Umas semanas depois, Salvador Dali voltou a aparecer em público e instado a comentar as teorias que se haviam arquitectado em redor das suas afirmações, limitou-se a dizer que tudo não havia passado de uma brincadeira e que com a frase em causa o que quis dizer foi... absolutamente nada!

Episódios deste tipo acontecem todos os dias no nosso quotidiano político:

Alguém, umas vezes de forma propositada e inventada pelos spin doctors que gravitam à volta das nossas personalidades políticas, outras de forma involuntária, cândida e inocente, emite um soundbyte sobre qualquer tema, assunto ou acção política e as televisões, jornais e restante comunicação social entram num frenesim a querer ouvir tudo e todos sobre o assunto do dia, que pode muito bem vir a ser o da semana, o do mês ou até o assunto do ano.

O mais recente é o que diz respeito à 'refundação': A única coisa que é lícito referir relativo a este vocábulo é aquele que se encontra em qualquer dicionário: tornar a criar, a estabelecer algo, a fundar novamente; mas é ao mesmo tempo sinónimo de tornar mais fundo, aprofundar.

Ora como se vê, até uma análise stricto sensu da palavra nos permite desde logo entendimentos distintos e neste caso verdadeiramente antagónicos.

Na passada semana, Pedro Passos Coelho disse ser necessário refundar Portugal e não houve quem de imediato não tentasse adivinhar o que quis dizer. Falou-se na renegociação do acordo com a troika, do papel e dos fundamentos do estado e da revisão constitucional. E falou-se muito sobre tudo isto. Falou-se muito, mas ter-se-á acertado em alguma coisa?

A verdade, no entanto, é que pouco mais sabemos hoje do que as teses que se foram arquitectando em redor destas declarações ocupando e divertindo jornalistas, comentadores, leitores e espectadores, porque é destes soundbytes que vivem ambos de braço dado: agentes políticos e comunicação social.

A pergunta que importa fazer é se Pedro Passos Coelho tem ideia do que disse e do que pretende fazer? Não... porque parece já ter dito um conjunto de coisas, sobre o tema da refundação, desarticuladas e sem sentido e objectividade.

E se de repente, o espírito controverso e alienado de Salvador Dali tivesse voltado a ganhar corpo no nosso Primeiro Ministro e este viesse agora dizer que tudo não passou de uma patética alegoria? Quantas caíriam no ridiculo de ver desmoronar as suas elaboradas teses? Alguém conseguiria quantificar a perda de tempo e energia gasta por tantos em torno de um suposto 'não assunto'?