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domingo, 30 de dezembro de 2012

Oásis no ártico

Contrariamente à crise islandesa, conjuntural, a crise portuguesa é estrutural, económica e muitíssimo mais grave do que a primeira. Resulta de mais de 30 anos de governos e de políticas incompetentes, de um estado altamente despesista e gastador, de um sistema político inadequado e corrupto, da ruína imposta pelas empresas do regime, da má gestão e do défice crónico das empresas públicas que albergam todo o tipo de incapazes, dos cargos, dos carros, das secretárias e dos motoristas, dos banqueiros e dos seus amigos, das reformas dos funcionários públicos aos quarenta anos, das baixas e dos subsídios fraudulentos e das parcerias público-privadas.


Há muito quem por desconhecimento de causa e por provincianismo queira comparar Islândia e Portugal, vendo neste país do círculo polar ártico um exemplo de actuação para a resolução da crise nacional, referindo não parcas vezes que aquele país teve uma crise, uma intervenção externa, e que volvidos três anos voltou a ter uma economia em crescimento, esquecendo-se contudo das diferenças colossais entre as duas nações. Com efeito, falamos de países muito distintos, com um modelo económico e social diferente, com uma população culturalmente nos antípodas uma da outra e até a crise que ousam comparar teve uma génese e consequências díspares.

Desde logo a questão administrativa dos dois países deixa antever enormes diferenças na forma como políticos e demais agentes públicos se organizam e gastam os recursos: a Islândia, com um território um pouco maior do que o português tem 79 divisões contra os 308 concelhos de Portugal (aos quais há ainda que juntar 4.259 freguesias). Sem necessidade de alimentar empresas de regime e políticos corruptos, não existem parcerias público privadas e a rede de auto estradas islandesa é sete vezes inferior à portuguesa. A Islândia tem um parlamento com 63 deputados e Portugal tem 230.

Em termos populacionais, a Islândia tem 318 mil habitantes, menos de um terço da população de Lisboa ao passo que Portugal leva, segundo os últimos censos, mais de 11 milhões. A percentagem de activos é outro dos aspectos a referir: 56% na Islândia e apenas 49% em Portugal.

O modelo económico islandês é um pequeno milagre: o país não dispõe de nenhuma indústria significativa, dedicando-se sobretudo ao sector primário. A agricultura e a pesca, sobretudo esta última são as actividades de referência num país que visa apenas produzir para consumo próprio, facto que lhe é permitido pela muito baixa densidade populacional. Dir-se-ia deste modo que um dos segredos deste milagre é o de ter uma balança externa equilibrada, sendo regra exportar muito pouco e importar ainda menos. A dados de 2008, a Islândia era apenas o 115º exportador do mundo com 5,3 mil milhões de dólares mas era o 130º importador com 4,5 mil milhões. Portugal registava um enorme desequilíbrio neste indicador: era o 39º importador com 77,25 mil milhões de dólares e o 56º exportador com apenas 55,8 mil milhões.

A Islândia tem um modelo social protector e eficaz. Os seus cidadãos estão sujeitos a uma carga fiscal sobre o rendimento maior ainda do que os portugueses, mas todos os seus restantes impostos são mais baixos, o que incrementa o poder aquisitivo real das empresas e das famílias por duas vias: os preços são bastante mais baixos e muitos dos serviços são prestados pelo estado. Um estudo recente elaborado nos países da Escandinávia levou à conclusão de que os habitantes de países como a Dinamarca, a Suécia, a Noruega ou a Finlândia estavam tão satisfeitos com o seu estado social que não se importavam de pagar mais impostos simplesmente porque têm a sensação de que as suas contribuições vão direitas para o seu próprio bem-estar e para o da sociedade. 

Os islandeses são ainda muito mais produtivos do que os portugueses: o produto interno bruto per capita da Islândia é o 25º maior do mundo com 38.500 dólares ocupando Portugal o 55º lugar da lista com apenas 23.700 e são os portugueses quem tem de enfrentar uma dívida externa quatro vezes e meia superior à islandesa.

E, para finalizar, a maior das diferenças: Portugal é um dos estados membros da União Europeia e da zona euro, tendo por isso compromissos e constrangimentos inalienáveis que o impedem de tomar livremente as suas decisões estratégicas em matéria de política económica, ao passo que a Islândia tem a sua própria moeda, a coroa islandesa, e pode assim estabelecer e ajustar a sua política cambial à realidade da sua natureza económica.

Quanto à crise, importa olhar para a sua génese, primeiro, para o seu enquadramento em seguida e para as consequências, depois. A Islândia foi, em 2008, um dos primeiros países do mundo a ser afectado pelo colapso do Lehman Brothers. O Landsbanski, o Glitnir e o Kaupthing, três dos maiores bancos islandeses, faliram e tiveram de ser nacionalizados pelo governo de Reiquiavique no espaço recorde de apenas 3 dias.

Segundo Gylfi Zoega, membro do banco central islandês e uma das personalidades ouvidas no documentário Inside Job, o problema começou na viragem do século, quando o estado decidiu promover a criação de um centro financeiro, à semelhança do existente em Londres com taxas de juro reduzidas, falta de regulação e de supervisão. 

Neste cenário, uma mistura explosiva entre banca de investimento e banca comercial orquestrou um esquema em que os bancos comerciais estavam a ser usados para pedir dinheiro emprestado noutros países, com a garantia implícita do Estado, para financiar projectos de investimento dos donos destes bancos e dos seus amigos. Os volumes de dinheiro emprestado levaram a que os três maiores bancos tivessem uma dívida combinada dez vezes superior ao produto interno bruto da Islândia. A garantia dada pelo estado islandês era extraordinariamente valiosa uma vez que o país não tinha qualquer historial de incumprimento não existindo sequer dívida soberana.

Contrariamente à crise islandesa, conjuntural, a crise portuguesa é estrutural, económica e muitíssimo mais grave do que a primeira. Resulta de mais de 30 anos de governos e de políticas incompetentes, de um estado altamente despesista e gastador, de um sistema político inadequado e corrupto, da ruína imposta pelas empresas do regime, da má gestão e do défice crónico das empresas públicas que albergam todo o tipo de incapazes, dos cargos, dos carros, das secretárias e dos motoristas, dos banqueiros e dos seus amigos, das reformas dos funcionários públicos aos quarenta anos, das baixas e dos subsídios fraudulentos e das parcerias público-privadas.

A crise da Islândia não se resolveu prendendo os banqueiros e o primeiro-ministro. Resolveu-se porque através de um referendo o povo decidiu não pagar aos credores bancários originando problemas diplomáticos com diversos países como a Inglaterra e a Holanda que tinham cidadãos muito afectados pela falência dos seus bancos. A Islândia recusou proteger os credores dos seus bancos, que entraram em falência em 2008 depois de as suas dívidas terem atingido 10 vezes mais do que a dimensão da economia. A decisão da ilha de se proteger de uma fuga de capitais, restringindo a circulação da sua moeda fê-la cair 80% face ao euro e permitiu ao Governo repelir um ataque especulativo, estancando a hemorragia da economia. Isso ajudou as autoridades a concentrarem-se no apoio às famílias e às empresas utilizando para este efeito grande parte do montante do resgate do Fundo Monetário Internacional.

A crise da Islândia foi aparentemente resolvida – veremos no futuro quais as consequências que o país terá de enfrentar no campo da diplomacia económica - com três medidas principais: não pagar aos credores dos bancos falidos que nacionalizou, restringir a circulação da coroa islandesa e utilizar os 2,1 mil milhões de euros do resgate para apoiar as famílias e as empresas.

Para se medir o alcance da nossa crise e para que se possa comparar a sua dimensão com a crise islandesa, refira-se que o valor de resgate do FEEF (tido por alguns como insuficiente) foi de 78 mil milhões de euros e, que desses, 12 mil milhões são exclusivamente para recapitalizar a banca nacional.

Mas, poderia Portugal ter feito diferente? No caso BPN, sim. Após tomar a decisão de o nacionalizar deveria ter indemnizado os seus credores e encerrar imediatamente o Banco tentando recuperar todos os créditos devidos. Não o ter feito foi um erro estratégico que terá ajudado a que o preço a pagar pelos contribuintes esteja hoje estimado em mais do dobro dos cinco mil milhões inicialmente previstos. O estado assumiu todas as imparidades, não cobrou parte significativa das dívidas ao banco e desmembrou a holding que tinha muitos negócios interessantes.

Quanto a tudo o resto Portugal, fez o que lhe foi imposto pelo Fundo Monetário Internacional, pelo Banco Central Europeu e pela União Europeia. Não tinha uma moeda como ferramenta cambial para uma estratégia keynesiana e o programa de ajustamento obrigou o país a implementar medidas de austeridade sobre medidas de austeridade.

Tal como a Islândia, devia ter julgado e preso os banqueiros e os seus amigos, o chefe de governo, exilado em Paris, e uns quantos ministros e secretários de estado mas o apodrecido sistema político-partidário e o seu conluio com a justiça jamais o permitiria. E o certo é que não contribuiria com nada a não ser, talvez, com uma maior mobilização dos seus cidadãos sabendo então que os culpados pela perda dos seus empregos e pela perda da sua qualidade de vida tinham um rosto e seriam punidos.

Importa para finalizar esclarecer algumas questões que têm sido mal abordadas por conveniência ou por desconhecimento: a Islândia não transitou de um governo de direita para um de esquerda, mas sim de um governo conservador para um social-democrata; a crise da Islândia, como atrás se viu, não tem os contornos, características e dimensão da crise portuguesa (veja-se o montante do empréstimo que cada país recebeu); a Islândia decidiu não pagar aos depositantes e credores dos bancos nacionalizados e não às instâncias internacionais responsáveis pelo resgate, entenda-se FMI; Portugal, ao contrário da Islândia e das duas anteriores presenças do FMI não tem liberdade cambial nem capacidade de impor as suas regras na negociação com a troika; a Islândia que em 2010 iniciou o seu processo de integração na União Europeia e na zona euro, recuou e parece ter desistido da adesão à moeda única; a gestão dos recursos públicos na Islândia é infinitamente mais criteriosa e rigorosa do que a portuguesa e a população tem uma consciência colectiva e social que Portugal não tem; a crise na Islândia não se resolveu julgando e prendendo pessoas; a Islândia aceitou, com a eleição de um novo governo, aprovar uma nova e mais adequada constituição.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O insurgente

Em Agosto de 1983, o Governo do Bloco Central PS-PSD, assinou um memorando de entendimento com o Fundo Monetário Internacional. Os impostos subiram, os preços dispararam, a moeda desvalorizou, o crédito acabou, o desemprego e os salários em atraso tornaram-se numa chaga social e havia bolsas de fome por todo o país. O primeiro-ministro era Mário Soares. Veja como o homem que hoje quer rasgar o acordo com a troika defendia os sacrifícios pedidos aos portugueses.

“Os problemas económicos em Portugal são fáceis de explicar e a única coisa a fazer é apertar o cinto”. DN, 27 de Maio de 1984

“Não se fazem omoletas sem ovos. Evidentemente teremos de partir alguns”. DN, 01 de Maio de 1984

“Quem vê, do estrangeiro, este esforço e a coragem com que estamos a aplicar as medidas impopulares aprecia e louva o esforço feito por este governo.” JN, 28 de Abril de 1984

“Quando nos reunimos com os macroeconomistas, todos reconhecem com gradações subtis ou simples nuances que a política que está a ser seguida é a necessária para Portugal”. Idem

“Fomos obrigados a fazer, sem contemplações, o diagnóstico dos nossos males colectivos e a indicar a terapêutica possível” RTP, 1 de Junho de 1984. Idem, ibidem

“A terapêutica de choque não é diferente, aliás, da que estão a aplicar outros países da Europa bem mais ricos do que nós” RTP, 1 de Junho de 1984

“Portugal habituara-se a viver, demasiado tempo, acima dos seus meios e recursos”. Idem

“O importante é saber se invertemos ou não a corrida para o abismo em que nos instalámos irresponsavelmente”. Idem, ibidem

“[O desemprego e os salário em atraso], isso é uma questão das empresas e não do Estado. Isso é uma questão que faz parte do livre jogo das empresas e dos trabalhadores (…). O Estado só deve garantir o subsídio de desemprego”. JN, 28 de Abril de 1984

“O que sucede é que uma empresa quando entra em falência… deve pura e simplesmente falir. (…) Só uma concepção estatal e colectivista da sociedade é que atribui ao Estado essa responsabilidade". Idem

“Anunciámos medidas de rigor e dissemos em que consistia a política de austeridade, dura mas necessária, para readquirirmos o controlo da situação financeira, reduzirmos os défices e nos pormos ao abrigo de humilhantes dependências exteriores, sem o que o pais caminharia, necessariamente para a bancarrota e o desastre”. RTP, 1 de Junho de 1984

“Pedi que com imaginação e capacidade criadora o Ministério das Finanças criasse um novo tipo de receitas, daí surgiram estes novos impostos”. 1ª Página, 6 de Dezembro de 1983

“Posso garantir que não irá faltar aos portugueses nem trabalho nem salários”. DN, 19 de Fevereiro de 1984

“A CGTP concentra-se em reivindicações políticas com menosprezo dos interesses dos trabalhadores que pretende representar” RTP, 1 de Junho de1984

“A imprensa portuguesa ainda não se habituou suficientemente à democracia e é completamente irresponsável. Ela dá uma imagem completamente falsa.” Der Spiegel, 21 de Abril de 1984

“Basta circular pelo País e atentar nas inscrições nas paredes. Uma verdadeira agressão quotidiana que é intolerável que não seja punida na lei. Sê-lo-á”. RTP, 31 de Maio de 1984

“A Associação 25 de Abril é qualquer coisa que não devia ser permitida a militares em serviço” La Republica, 28 de Abril de 1984

“As finanças públicas são como uma manta que, puxada para a cabeça deixa os pés de fora e, puxada para os pés deixa a cabeça descoberta”. Correio da Manhã, 29 de Outubro de 1984

“Não foi, de facto, com alegria no coração que aceitei ser primeiro-ministro. Não é agradável para a imagem de um politico sê-lo nas condições actuais” JN, 28 de Abril de 1984

“Temos pronta a Lei das Rendas, já depois de submetida a discussão pública, devidamente corrigida”. RTP, 1 de Junho de 1984

“Dentro de seis meses o país vai considerar-me um herói”. 6 de Junho de 1984
 
Ricardo Lima
 

domingo, 9 de dezembro de 2012

Luton, o rastilho do extremismo europeu

São grandes as suspeitas de que a Al-Mouhadjiroun se trata de uma importante célula da Al-Qaeda em pleno solo europeu e julga-se ainda que Bakri e Bin Laden eram próximos ao ponto de ter sido Bakri a escrever vários dos discursos de Osama, nomeadamente aquele que se seguiu aos atentados contras as embaixadas americanas no Quénia e na Tanzânia.


Luton é uma grande cidade suburbana situada a sensivelmente 50 quilómetros a norte de Londres. Tradicionalmente famosa pelo fabrico de chapéus, baseou sempre a sua economia numa forte componente industrial. A Vauxhall, um dos maiores fabricantes de automóveis do Reino Unido nasceu em Luton em 1905. Conta com aproximadamente 255.000 habitantes, repartidos por mais de setenta diferentes nacionalidades e constitui hoje uma das maiores preocupações do governo britânico.
 
Face à incapacidade de rivalizar com os seus concorrentes orientais, muitas das suas unidades fabris encerraram nos últimos anos atirando para o desemprego e por consequência para a exclusão social muito dos seus habitantes. Luton é por tudo isto um autêntico barril de pólvora: É uma cidade industrial, em crise profunda, onde os nativos não têm emprego e os imigrantes são em número muito elevado.
 
Em 2009 foi organizado na cidade um desfile de soldados regressados do Afeganistão e este terá sido o rastilho para o despontar e fortalecer de grupos radicais organizados como a EDL, de extrema-direita, ou os islamitas da Al-Mouhadjiroun. Nesse dia, enquanto decorria a passagem dos militares, um grupo de imigrantes islamitas deste movimento decidiu manifestar-se contra o desfile, empunhando tarjas e bandeiras com os símbolos do islão ao mesmo tempo que vociferava odiosos impropérios aos soldados apelidando-os de ‘assassinos cobardes que mereciam ser decapitados’. Por entre os distúrbios que se desencadearam nessa tarde de Março, um jovem de 27 anos saiu do anonimato: Stephen Yaxley-Lennons.
 
Stephen Yaxley-Lennons, ou melhor, Tommy Robinson, o nome de um famoso ex hooligan do Luton Town FC que Lennons utiliza como pseudónimo, nasceu em 1982 no seio de uma família irlandesa, é líder e porta-voz da EDL – English Defense League desde a sua fundação e, não obstante ter sido já membro do partido de extrema-direita inglês, o British Freedom Party, decidiu abandoná-lo para se dedicar a tempo inteiro à luta de rua da EDL.
 
Sob a bandeira do patriotismo, e ancorados num discurso alarmista que adverte para o perigo da implantação de uma lei islâmica no Reino Unido, a EDL tem-se dedicado incessantemente a espalhar uma mensagem de ódio contra os muçulmanos residentes no país – que já somam quase 3 milhões de pessoas (4,6% da população). Várias manifestações em nome da organização já ocorreram em diversas cidades da Inglaterra, e muitas culminaram em conflitos com a polícia, ataques a jovens imigrantes e confrontos com activistas antifascistas.
 
Neste momento, a EDL ainda é apenas uma organização de rua, sem estruturas bem definidas, sem uma estratégia bem delineada, e que se articula predominantemente através da internet. No entanto, a sua popularidade e dimensão não param de crescer, tendo sido inspiração para a criação de outras organizações gémeas no País de Gales, na Escócia e até na Dinamarca.
 
A grande maioria dos seus militantes é constituída por jovens brancos, da classe trabalhadora, mas há, segundo o The Guardian, um curioso factor que distingue a EDL dos antigos grupos de rua da extrema-direita. Em todos os seus comícios e protestos de rua, existem sempre um punhado de estrangeiros, e um dos seus líderes é um indiano nascido no Reino Unido. A mensagem islamofóbica da organização parece ter pavimentado o caminho para uma estranha miscelânea onde não faltam cristãos de extrema-direita e judeus ortodoxos, que vêm o movimento como estando na linha da frente da luta global contra o Islão, personalidades ligadas a movimentos neonazis e até activistas dos direitos homossexuais. A luta e a mensagem da EDL é tão forte e intensa que consegue fazer esquecer o passado dos seus apoiantes e congregar judeus e nazis, cristãos radicais e homossexuais.
 
Luton é o berço do terrorismo islâmico no Reino Unido. Foi em Luton que cresceram os terroristas que a 7 de Julho de 2005 fizeram explodir 4 bombas na rede de transportes públicos londrinos, matando 58 pessoas e ferindo mais de 700. O sueco de origem iraquiana Taimour Abdulwahab que se fez explodir em Estocolmo em Outubro de 2010, tal como o nigeriano Farouk Abdulmutallab que tentou explodir um voo transatlântico no natal de 2009 estudaram em Inglaterra e foi em Luton que todos eles se envolveram com os radicais do grupo Al-Mouhadjiroun. 
 
A Al-Mouhadjiroun nasceu em Mecca a 13 de Março de 1983 pela mão de Omar Bakri Mohammed, um iman nascido na Síria. Bakri foi expulso pelas autoridades sauditas e teve de abandonar o país em 1985 mudando-se para Londres onde refundou o movimento em 1986. Devido às suas práticas e ao seu discurso inflamado, o governo britânico decidiu igualmente bani-lo em 2005, mas a força dos radicais devotos voltou a erguê-lo em 2009. 
 
São grandes as suspeitas de que a Al-Mouhadjiroun se trata de uma importante célula da Al-Qaeda em pleno solo europeu e julga-se ainda que Bakri e Bin Laden eram próximos ao ponto de ter sido Bakri a escrever vários dos discursos de Osama, nomeadamente aquele que se seguiu aos atentados contras as embaixadas americanas no Quénia e na Tanzânia.
 
Outro dos líderes da Al-Mouhadjiroun é o pregador radical Anjem Choudary que assume não ser a EDL nem Luton o seu objectivo, mas sim o número dez de Downing Street. Anjem Choudary é igualmente um militante do conflito de civilizações, licenciado em direito e que tira o maior proveito da liberdade de expressão inglesa para apregoar que só dará a sua demanda por concluída quando içar a bandeira do islão no Palácio de Buckingham e implementar a Sharia em toda a nação britânica. 
 
De acordo com um documento dos serviços secretos ao qual o Sunday Telegraph teve acesso em 2008, existem milhares de radicais islâmicos no Reino Unido que apoiam actividades de terroristas jihadistas no país e no exterior. O relatório afirma que o Reino Unido continua a ser um alvo de elevada prioridade para os terroristas com ligação à Al-Qaeda referindo ainda que há uma rede de células extremistas concentradas maioritariamente em Londres, Birmingham e Luton. Ainda segundo o documento elaborado pelo MI5 esses radicais, são na sua maioria cidadãos britânicos com origem do sul da ásia, principalmente do Paquistão, apesar de também haver extremistas do norte e do leste da África, Iraque e Oriente Médio, assim como uma quantidade crescente de convertidos.
 
O diretor do MI5, Jonathan Evans, disse que os seus serviços de inteligência haviam identificado pelo menos duas mil pessoas que representavam uma ameaça para a segurança nacional devido ao seu apoio ao terrorismo.
 
A ameaça do terrorismo islâmico na europa é real, muito complexa e crescente. Não deixa de ser relevante referir que todos os pilotos do 11 de setembro haviam estado na europa antes de viajarem para os Estados Unidos e que, depois deste acontecimento, as autoridades europeias já prenderam vinte vezes mais suspeitos do que os Estados Unidos, fazendo abortar, nalguns casos, operações contra alvos europeus em fase já muito adiantada de preparação.
 
Este clima de potencial terror é o terreno fértil para o aparecimento de movimentos xenófobos e anti islamitas por todo o continente. Luton é um símbolo do conflito de civilizações, mas fenómenos como os da EDL estão um pouco por toda a europa: Holanda, Bélgica, Áustria, Suíça, Alemanha, Dinamarca, Suécia e Finlândia são apenas as pontas deste iceberg.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A moral de um exímio gastador

Durante os anos que ocupou o Palácio de Belém, Mário Soares visitou 57 países (alguns várias vezes como por exemplo Espanha que visitou 24 vezes e a França 21 vezes), percorrendo no total 992.809 quilómetros, o que corresponde a 22 vezes a volta ao mundo.

Alguém se lembra do nosso Presidente Soares e das suas viagens? Vamos lá fazer um resumo de onde foram gastos milhões dos nossos impostos, só em viagens, com a sua comitiva... tudo pago pelo contribuinte, claro!

1986
11 a 13 de Maio - Inglaterra
06 a 09 de Julho - França
12 a 14 de Setembro - Espanha

17 a 25 de Outubro - Inglaterra e França
28 de Outubro - Moçambique
05 a 08 de Dezembro - São Tomé e Príncipe
08 a 11 de Dezembro - Cabo Verde

1987
15 a 18 de Janeiro - Espanha
24 de Março a 05 de Abril - Brasil
16 a 26 de Maio - Estados Unidos
13 a 16 de Junho - França e Suíça
16 a 20 de Outubro - França
22 a 29 de Novembro - Rússia
14 a 19 de Dezembro - Espanha

1988
18 a 23 de Abril - Alemanha
16 a 18 de Maio - Luxemburgo
18 a 21 de Maio - Suíça
31 de Maio a 05 de Junho - Filipinas
05 a 08 de Junho - Estados Unidos
08 a 13 de Agosto - Equador
13 a 15 de Outubro - Alemanha
15 a 18 de Outubro - Itália
05 a 10 de Novembro - França
12 a 17 de Dezembro - Grécia

1989
19 a 21 de Janeiro - Alemanha
31 de Janeiro a 05 de Fevereiro - Venezuela
21 a 27 de Fevereiro - Japão
27 de Fevereiro a 05 de Março - Hong-Kong e Macau
05 a 12 de Março - Itália
24 de Junho a 02 de Julho - Estados Unidos
12 a 16 de Julho - Estados Unidos
17 a 19 de Julho - Espanha
27 de Setembro a 02 de Outubro - Hungria
02 a 04 de Outubro - Holanda
16 a 24 de Outubro - França
20 a 24 de Novembro - Guiné-Bissau
24 a 26 de Novembro - Costa do Marfim
26 a 30 de Novembro - Zaire
27 a 30 de Dezembro - República Checa

1990
15 a 20 de Fevereiro - Itália
10 a 21 de Março - Chile e Brasil
26 a 29 de Abril - Itália
05 a 06 de Maio - Espanha
15 a 20 de Maio - Marrocos
09 a 11 de Outubro - Suécia
27 a 28 de Outubro - Espanha
11 a 12 de Novembro - Japão

1991
29 a 31 de Janeiro - Noruega
21 a 23 de Março - Cabo Verde
02 a 04 de Abril - São Tomé e Príncipe
05 a 09 de Abril - Itália
17 a 23 de Maio - Rússia
08 a 11 de Julho - Espanha
16 a 23 de Julho - México
27 de Agosto a 01 de Setembro - Espanha
14 a 19 de Setembro - França e Bélgica
08 a 10 de Outubro - Bélgica
22 a 24 de Novembro - França
08 a 12 de Dezembro - Bélgica e França

1992
10 a 14 de Janeiro - Estados Unidos
23 de Janeiro a 04 de Fevereiro - India
09 a 11 de Março - França
13 a 14 de Março - Espanha
25 a 29 de Abril - Espanha
04 a 06 de Maio - Suíça
06 a 09 de Maio - Dinamarca
26 a 28 de Maio - Alemanha
30 a 31 de Maio - Espanha
01 a 07 de Junho - Brasil
11 a 13 de Junho - Espanha
13 a 15 de Junho - Alemanha
19 a 21 de Junho - Itália
14 a 16 de Outubro - França
16 a 19 de Outubro - Alemanha
19 a 21 de Outubro - Áustria
21 a 27 de Outubro - Turquia
01 a 03 de Novembro - Espanha
17 a 19 de Novembro - França
26 a 28 de Novembro - Espanha
13 a 16 de Dezembro - França

1993
17 a 21 de Fevereiro - França
14 a 16 de Março - Bélgica
06 a 07 de Abril - Espanha
18 a 20 de Abril - Alemanha
21 a 23 de Abril - Estados Unidos
27 de Abril a 02 de Maio - Inglaterra e Escócia
14 a 16 de Maio - Espanha
17 a 19 de Maio - França
22 a 23 de Maio - Espanha
01 a 04 de Junho - Irlanda
04 a 06 de Junho - Islândia
05 a 06 de Julho - Espanha
09 a 14 de Julho - Chile
14 a 21 de Julho - Brasil
24 a 26 de Julho - Espanha
06 a 07 de Agosto - Bélgica
07 a 08 de Setembro - Espanha
14 a 17 de de Outubro - Coreia do Norte
18 a 27 de Outubro - Japão
28 a 31 de Outubro - Hong-Kong e Macau

1994
02 a 05 de Fevereiro - França
27 de Fevereiro a 03 de Março - Espanha (incluindo Canárias)
18 a 26 de Março - Brasil
08 a 12 de Maio - África do Sul
22 a 27 de Maio - Itália
27 a 31 de Maio - África do Sul
06 a 07 de Junho - Espanha
12 a 20 de Junho - Colômbia
05 a 06 de Julho - França
10 a 13 de Setembro - Itália
13 a 16 de Setembro - Bulgária
16 a 18 de Setembro - - França
28 a 30 de Setembro - Guiné-Bissau
09 a 11 de Outubro - Malta
11 a 16 de Outubro - Egipto
17 a 18 de Outubro - Letónia
18 a 20 de Outubro - Polónia
09 a 10 de Novembro - Inglaterra
15 a 17 de Novembro - República Checa
17 a 19 de Novembro - Suíça
27 a 28 de Novembro - Marrocos
07 a 12 de Dezembro - Moçambique
30 de Dezembro a 09 de Janeiro 1995 – Brasil

1995
31 de Janeiro a 02 de Fevereiro - França
12 a 13 de Fevereiro - Espanha
07 a 08 de Março - Tunísia
06 a 10 de Abril - Macau
10 a 17 de Abril - China
17 a 19 de Abril - Paquistão
07 a 09 de Maio - França
21 de Setembro - Espanha
23 a 28 de Setembro - Turquia
14 a 19 de Outubro - Argentina e Uruguai
20 a 23 de Outubro - Estados Unidos
27 de Outubro - Espanha
31 de Outubro a 04 de Novembro - Israel
04 e 05 de Novembro Faixa de Gaza e Cisjordânia
05 e 06 de Novembro - Cidade de Jerusalém
15 a 16 de Novembro - França
17 a 24 de Novembro - África do Sul
24 a 28 de Novembro - Ilhas Seychelles
04 a 05 de Dezembro - Costa do Marfim
06 a 10 de Dezembro - Macau
11 a 16 de Dezembro - Japão

1996
08 a 11 de Janeiro - Angola

Durante os anos que ocupou o Palácio de Belém, Soares visitou 57 países (alguns várias vezes como por exemplo Espanha que visitou 24 vezes e a França 21 vezes), percorrendo no total 992.809 quilómetros o que corresponde a 22 vezes a volta ao mundo...

Para quê? Expliquem ao povo para que serviu tanta viagem... Eis um dos porquês do nosso recurso ao acordo da troika.

A lucidez de Mário Soares

Há um par de semanas atrás, recebi este texto como sendo obra de Clara Ferreira Alves. Conhecendo eu o seu passado de ilustre defensora de Mário Soares, achei pouco credível a sua colagem à jornalista. A própria se encarregou de imediato de negar a autoria da crónica no seu espaço de opinião no Expresso.

Ainda que se desconheça o autor, vale a pena ler até porque desde que o Governo cortou 30% do financiamento público à sua fundação, Mário Soares tem andado num frenesim. Ora são entrevistas, petições, apelos ou cartas de personalidade, tudo serve para criticar a Maioria.

"Eis parte do enigma. Mário Soares, num dos momentos de lucidez que ainda vai tendo, veio chamar a atenção do Governo, na última semana, para a voz da rua. A lucidez, uma das suas maiores qualidades durante a sua longa carreira politica:

A lucidez que lhe permitiu escapar à PIDE e passar um bom par de anos, num exílio dourado, em hotéis de luxo em Paris.


A lucidez que lhe permitiu conduzir da forma "brilhante" que se viu, o processo de descolonização.

A lucidez que lhe permitiu conseguir que os Estados Unidos financiassem o PS durante os primeiros anos da Democracia.

A lucidez que o fez meter o socialismo na gaveta durante a sua experiência governativa.
 
A lucidez que lhe permitiu tratar da forma despudorada amigos como Jaime Serra, Salgado Zenha, Manuel Alegre e tantos outros.
 
A lucidez que lhe permitiu governar sem ler os dossiers.
 
A lucidez que lhe permitiu não voltar a ser primeiro-ministro depois de tão fantástico desempenho no cargo.
 
A lucidez que lhe permitiu pôr-se a jeito para ser agredido na Marinha Grande e, dessa forma, vitimizar-se aos olhos da opinião pública e vencer as eleições presidenciais.
 
A lucidez que lhe permitiu, após a vitória nessas eleições, fundar um grupo empresarial, a Emaudio, com "testas de ferro" no comando e um conjunto de negócios obscuros que envolveram grandes magnatas internacionais.
 
A lucidez que lhe permitiu utilizar a Emaudio para financiar a sua segunda campanha presidencial.
 
A lucidez que lhe permitiu nomear para Governador de Macau, Carlos Melancia, um dos homens da Emaudio.
 
A lucidez que lhe permitiu passar incólume no caso Emaudio e no caso Aeroporto de Macau e, ao mesmo tempo, dar os primeiros passos para uma Fundação na sua fase pós-presidencial.
 
A lucidez que lhe permitiu ler o livro de Rui Mateus, "Contos Proibidos", que contava tudo sobre a Emaudio, e ter a sorte de esse mesmo livro, depois de esgotado, jamais voltar a ser publicado.
 
A lucidez que lhe permitiu passar incólume às "ligações perigosas" com Angola, ligações essas que quase lhe roubaram o filho no célebre acidente de avião na Jamba (avião esse carregado de diamantes, no dizer do Ministro da Comunicação Social de Angola).
 
A lucidez que lhe permitiu, durante a sua passagem por Belém, visitar 57 países ("record" absoluto para a Espanha - 24 vezes - e França -21), num total equivalente a 22 voltas ao mundo (mais de 992 mil quilómetros).
 
A lucidez que lhe permitiu visitar as Seychelles, esse território de grande importância estratégica para Portugal.
 
A lucidez que lhe permitiu, no final destas viagens, levar para a Casa-Museu João Soares uma grande parte dos valiosos presentes oferecidos oficialmente ao Presidente da Republica Portuguesa.
 
A lucidez que lhe permitiu guardar esses presentes numa caixa-forte blindada daquela Casa, em vez de os guardar no Museu da Presidência da Republica.
 
A lucidez que lhe permite, ainda hoje, ter 24 horas por dia de vigilância paga pelo Estado nas suas casas de Nafarros, Vau e Campo Grande.
 
A lucidez que lhe permitiu, abandonada a Presidência da Republica, constituir a Fundação Mário Soares. Uma fundação de Direito privado, que, vivendo à custa de subsídios do Estado, tem apenas como única função visível ser depósito de documentos valiosos de Mário Soares. Os mesmos que, se são valiosos, deviam estar na Torre do Tombo.
 
A lucidez que lhe permitiu construir o edifício-sede da Fundação violando o PDM de Lisboa, segundo um relatório do IGAT, que decretou a nulidade da licença de obras.
 
A lucidez que lhe permitiu conseguir que o processo das velhas construções que ali existiam e que se encontrava no Arquivo Municipal fosse requisitado pelo filho e que acabasse por desaparecer convenientemente no incêndio dos Paços do Concelho.
 
A lucidez que lhe permitiu receber do Estado, ao longo dos últimos anos, donativos e subsídios superiores a cinco milhões de Euros.
 
A lucidez que lhe permitiu receber, entre os vários subsídios, um de dois milhões e meio de Euros, do Governo Guterres, para a criação de um auditório, uma biblioteca e um arquivo num edifico cedido pela Câmara de Lisboa.
 
A lucidez que lhe permitiu receber, entre 1995 e 2005, uma subvenção anual da Câmara Municipal de Lisboa, na qual o seu filho era Vereador e Presidente.
 
A lucidez que lhe permitiu que o Estado lhe arrendasse e lhe pagasse um gabinete, a que tinha direito como ex-presidente da República, na... Fundação Mário Soares.
 
A lucidez que lhe permite que, ainda hoje, a Fundação Mário Soares receba quase 4 mil euros mensais da Câmara Municipal de Leiria.
 
A lucidez que lhe permitiu fazer obras no Colégio Moderno, propriedade da família, sem licença municipal, numa altura em que o Presidente era claro está... João Soares.
 
A lucidez que lhe permitiu silenciar, através de pressões sobre o director do "Público", José Manuel Fernandes, a investigação jornalística que José António Cerejo começara a publicar sobre o tema.
 
A lucidez que lhe permitiu candidatar-se a Presidente do Parlamento Europeu e chamar dona de casa, durante a campanha, à vencedora Nicole Fontaine.
 
A lucidez que lhe permitiu considerar José Sócrates "o pior do guterrismo" e ignorar hoje em dia tal frase como se nada fosse.
 
A lucidez que lhe permitiu passar por cima de um amigo, Manuel Alegre, para concorrer às eleições presidenciais uma última vez.
 
A lucidez que lhe permitiu, então, fazer mais um frete ao Partido Socialista.
 
A lucidez que lhe permitiu ler os artigos "O Polvo" de Joaquim Vieira na "Grande Reportagem", baseados no livro de Rui Mateus, e assistir, logo a seguir, ao despedimento do jornalista e ao fim da revista.
 
A lucidez que lhe permitiu passar incólume depois de apelar ao voto no filho, em pleno dia de eleições, nas últimas Autárquicas.

No final de uma vida de lucidez, o que resta a Mário Soares? Resta um punhado de momentos em que a lucidez vem e vai. Vem e vai. Vem e vai. Vai... e não volta mais."

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A Eurábia e o avanço do islão

O mundo está a mudar, e sem se cometerem exageros xenófobos ou populistas, importa travar esta mudança que inevitavelmente levará os nossos filhos a conhecer uma sociedade radicalmente diferente daquela que nós conhecemos.

A Eurábia é uma teoria conspirativa que consiste em afirmar que em pouco mais do que algumas décadas o islamismo dominará a Europa.

Esta teoria é assente em circunstancialismos demográficos incontornáveis e irreversíveis, nomeadamente na taxa de natalidade verificada nos países europeus e nos fluxos de imigração que todos os dias engrossam o caudal de muçulmanos que chegam à Europa.

Bat Ye’or é o grande símbolo desta tese: Bat Ye’or é um pseudónimo de Gisele Littman, uma escritora, política e comentadora judia. Gisele Littman nasceu no Egipto, tem nacionalidade inglesa e sugere que a grande ofensiva islâmica que visa o estabelecimento de um grande califado em pleno território europeu nasceu ainda nos anos 70 do século passado, durante a crise do petróleo que terá levado os estados europeus a fazer cedências aos países árabes extratores, nomeadamente no que diz respeito à imigração.

Na base desta dissertação, e além dos critérios objectivos das mudanças demográficas, estão outros mais subjectivos e até populistas: O cristianismo, a base religiosa e profundamente cultural da Europa está em crise de valores e a perder fieis; A política externa europeia, detentora de interesses nos países árabes, nomeadamente no magrebe, prefere aliar-se a estes e virar costas aos Estados Unidos e a Israel; a defesa da compatibilidade da coexistência entre o islão e a cultura europeia; os sentimentos de culpa latentes causados por períodos como os das cruzadas ou do holocausto; e ainda a assunção de um certo relativismo cultural que releva para segundo plano a moral e a ética e deixa a definição do bem e do mal, do certo e do errado, sob avaliação de cada cultura, levando na prática os europeus a aceitar e tolerar comportamentos nos outros que repudia nos seus.

Manifestando-se em 2004 contra a adesão da Turquia à União Europeia, o comissário europeu holandês Frits Bolkenstein afirmou que as tendências de então o levariam à conclusão de que, num futuro próximo, os Estados Unidos permaneceriam como a única grande potência militar, que a China se tornaria num gigante económico e que a europa seria islamizada.

Vejamos o cenário que pode estar presente na mente de Bolkenstein: para que uma civilização possa sobreviver por cada 25 anos mais, é necessária registar-se uma taxa de natalidade de 2,1 filhos por casal. Na europa, a desconjunção das famílias tradicionais, a alteração do papel da mulher na sociedade e no trabalho e a falta de confiança, levam cada vez mais cidadãos a adiar o nascimento dos seus filhos e até a assumidamente negar a sua intenção de ser pais e mães. Historicamente, nunca antes nenhum povo sobreviveu com uma taxa de natalidade abaixo de 1,9 nascimentos por família. Caso esta taxa alguma vez se verifique estar abaixo de 1,3 serão precisos 80 a 100 anos para reverter a tendência sendo bem provável que esse povo não resista aos devastadores efeitos económicos que o envelhecimento da população nesta situação suscita.

Há cinco anos atrás, alguns dos principais países europeus revelavam taxas de natalidade baixíssimas: França (1,8), Inglaterra (1,6), Alemanha (1,3), Itália (1,2) e Espanha (1,1), sendo que em todos os países da União Europeia esta taxa atingia uma inquietante média de 1,52.

Não obstante esta fraca produtividade na geração de novos cidadãos, o número de habitantes na europa tem vindo a crescer a bom ritmo fruto da imigração muçulmana. Desde o início dos anos 90 este fenómeno tem sido responsável por 85% do crescimento da população. Importante será ainda acrescentar que para além dos novos habitantes que diariamente entram nas nossas fronteiras, os muçulmanos desequilibram definitivamente a balança com a sua elevada fertilidade.

Em França, como vimos, a taxa de natalidade é de 1,8, mas se analisarmos apenas a população islâmica deparamo-nos com uns surpreendentes 8,1 filhos por família (4,5 no total dos árabes na europa). Ainda segundo dados demográficos do governo francês, 15% dos jovens com menos de 20 anos é de origem muçulmana e se olharmos isoladamente para grandes cidades como Paris, Nice ou Marselha este número cresce para 45%, esperando-se que 20% do total da população seja islâmica daqui a apenas 15 anos e supere os 50% em menos de 40 anos.

Em Inglaterra, nos últimos 30 anos a comunidade muçulmana cresceu de 82 mil para 2 milhões e meio de cidadãos. Na Holanda, 50% dos recém-nascidos em todo o território é já de origem muçulmana e também neste país se espera que em apenas 15 anos a maioria da população seja de origem islâmica. A Rússia conta neste momento com um contingente de 23 milhões de muçulmanos, ou seja, 1 em cada 5 dos seus habitantes e na Bélgica, como na Holanda, metade dos nascimentos são de filhos de muçulmanos que representam já 25% do total da população abaixo dos 25 anos. O governo alemão já afirmou que é necessário desenvolver políticas que incentivem o crescimento da taxa de natalidade entre os nativos alemães, caso contrário tornar-se-ão num estado islâmico antes de 2050.

De acordo com esta evolução, em 2025, um terço dos nascimentos em toda a Europa acontecerá no seio de famílias muçulmanas e este número pode aumentar substancialmente no caso dos países da União Europeia aceitarem a Turquia como novo estado membro.

Muammar Khadafi afirmou que "há sinais de que Alá garantirá a vitória do Islão na europa sem espadas, sem armas, sem conquistas. Não precisaremos de bombistas nem de suicidas. Em poucas décadas, os mais de 50 milhões de muçulmanos na europa encarregar-se-ão de a transformar num continente islâmico”. De acordo com o instituto alemão Central Institute Islam Archive e excluindo a Turquia, em 2007 eram já 53 milhões os muçulmanos na europa representando 7,2% de toda a população europeia e 16 milhões na União Europeia, o equivalente a 3,2% dos cidadãos. Nos próximos 20 anos espera-se que este número duplique e atinja os 106 milhões em território europeu.

De resto, este cenário de crescimento do islão fora das suas fronteiras naturais atinge igualmente a américa do norte: No Canadá, a taxa de natalidade é de 1,6 e o islamismo é a religião e a cultura que mais cresce. Só entre 2001 e 2006 a população total cresceu 1,6 milhões sendo 1,2 milhões graças à imigração. A taxa de natalidade nos Estados Unidos ronda também os 1,6 e a sua população tem evoluído devido especialmente ao aumento do número dos seus muçulmanos que cresceu de 100 mil em 1970 para 9 milhões em 2009.

Em 2006, 24 organizações islâmicas reuniram-se em Chicago e documentos transcritos desse encontro mostram em detalhe a estratégia para a evangelização da europa e dos Estados Unidos através do jornalismo, da política e da educação. Em muitas localidades francesas e inglesas, o número de mesquitas já suplantou o número de igrejas e dentro de apenas 5 anos, o islamismo será a religião dominante no mundo.

O mundo está a mudar e, sem se cometerem exageros xenófobos ou populistas, importa travar esta mudança que inevitavelmente levará os nossos filhos a conhecer uma sociedade radicalmente diferente daquela que nós conhecemos. Os movimentos fascistas e de extrema direita estão perigosamente a ganhar força e dinâmica não só em países latentemente conflituosos em termos raciais como a França e em certa medida a Inglaterra, mas também em países historicamente moderados e tolerantes como a Holanda, a Áustria, a Suíça, a Finlândia ou a Suécia.

Urgem pois, tomar medidas que incentivem a natalidade e que voltem a promover o conceito de família tradicional. Urge o desenvolvimento de políticas que permitam aos casais sentirem-se seguros e suficientemente confiantes para constituírem essas famílias devolvendo-lhes a vontade e o desejo de serem pais e mães.
 

domingo, 25 de novembro de 2012

A tristeza de ser Cristiano

A de 5 Setembro de 2012 e a propósito do súbtito ataque de tristeza de Cristiano Ronaldo, John Carlin, jornalista do El País escreveu e publicou um artigo que explica como os êxitos de Lionel Messi perturbam o jogador português. Para ilustrar o que deveria ser a relação de respeito dos dois melhores futebolistas do momento serve-se da relaçao de estima e de reconhecimento mútuo entre os dois maiores ícones do ténis mundial: Rafael Nadal e Roger Federer.

O surpreendente - o realmente espantoso - é que não haja mais desportistas de elite que se comportem como umas crianças malcriadas.

Pergunte-se, estimado leitor, como seria se aos 20 anos, quase da noite para o dia, você deixasse de ser um rapaz anónimo para se tornar num multimilionário famoso perseguido por fãs, media e mulheres. O normal - e este que aqui escreve não se exclui dessa hipótese - seria que isso lhe subisse à cabeça, que se tornasse egocêntrico, convencido, indiferente aos outros e, para a maioria das pessoas, mais ridículo que admirável.

A não ser que o jovem tenha a sorte de contar com gente à sua volta capaz de antever o perigo que corre e entender que, pelo menos durante um tempo, é imprescindível submeter-se a uma dieta rigorosa de humildade e fazer todo o possível - sem eliminar necessariamente a opção extrema de recorrer a uma bofetada - para que mantenha os pés na terra.

O espantoso, repetimos, é que a maioria destes fenómenos do desporto mundial pareçam encarar a celebridade e o dinheiro com bastante integridade. Especialmente em Espanha.

Seria mais difícil escrever estas palavras num jornal de Inglaterra, por exemplo, uma vez que ali os futebolistas nacionais mais conhecidos não gozam de boa fama. Dizer que Wayne Rooney, John Terry, Ashley Cole ou Rio Ferdinand são malcriados é uma questão cuja veracidade ninguém duvida. Em contrapartida, quando olhamos para a selecção espanhola campeã do mundo, todos dão a impressão - salvo para aqueles que fazem os seus juízos morais em função dos clubes que seguem - de ser boas pessoas, a começar pelos dois vencedores do prémio Príncipe das Astúrias, Iker Casillas e Xavi Hernández. O que nos serve para demonstrar uma vez mais que a solidariedade familiar é um dos campos da vida, juntamente com o futebol e o turismo, nos quais Espanha pode competir com qualquer um.

O triste, para usar o adjectivo da moda nos últimos tempos, é quando quem está à volta do desportista não inibe a egolatria, pelo contrário, alimenta-a. E, como consequência, o personagem conhece-se pouco a si próprio, não é capaz de entender o mundo que o rodeia, nem de interpretar as reacções que provoca nas pessoas.

Olhar para Cristiano Ronaldo agora, e ver a confusão em que se meteu, faz-me pensar numa conversa que tive num bar de Buenos Aires há alguns anos com Roberto Perfumo, ex-capitão da selecção argentina de futebol, sobre Diego Maradona. Maradona estava péssimo naquela altura. Obeso, à beira da morte, preso às suas dependências. Júlio César tinha um escravo sempre à mão, contou-me Perfumo, que lhe dizia: "Lembra-te que não és deus! Lembra-te que não és deus." O problema de Maradona, explicou Perfumo, foi que, desde uma tenra idade e até ao resto da sua vida, esteve rodeado de pessoas que lhe diziam o contrário: "Lembra-te que és deus! Lembra-te que és deus!" Maradona sofreu a agravante de boa parte da população argentina se juntar ao coro celestial.

Esse destino, ao menos, não calhou a Cristiano Ronaldo. O grave é que o endeusamento incondicional de Maradona parece ser precisamente o que falta ao jogador português. Segundo o que os media publicaram recentemente, depois de se ter recusado a celebrar os dois golos que marcou contra o Granada - explicou a seguir que não o fez porque estava "triste" -, Ronaldo não se sente suficientemente querido pelo seu clube, o Real Madrid. Precisa que o adorem mais. Precisa que o adorem como adoram aqueles que o rodeiam. E aquilo que se passou, claro, é que hoje é menos adorado que nunca.

Foi mal assessorado; aqueles que o deveriam ter aconselhado não o fizeram. Primeiro, ninguém vai falar com Florentino Pérez [presidente do Real Madrid], como ele fez na véspera do jogo contra o Granada, a queixar-se da tristeza que sente quando Pérez acaba de perder a mulher. Segundo, não se anuncia ao mundo como estamos insatisfeitos com a vida quando ganhamos um salário de dez milhões de euros líquidos por ano e a maioria dos adeptos, e não adeptos, ou vivem as duras consequências ou sofrem da incerteza de uma dura crise económica. Ronaldo tentou corrigir-se, declarando dois dias depois do seu desabafo que o dinheiro não é tudo. Mas os danos estavam feitos. Como se mostrou de forma clara através de uma sondagem do diário As, os fãs do Real Madrid não vêem com bons olhos as queixas do seu melhor jogador. Custa a acreditar que o impacto seja muito positivo na já complicada relação de Ronaldo com alguns dos seus companheiros de balneário.

É instrutivo fazer uma comparação com Rafael Nadal que - como adepto do Real Madrid - admira a qualidade futebolística de Cristiano Ronaldo. Nadal é o exemplo por excelência do desportista de elite cuja personalidade não foi contaminada pelo êxito. Sabe distinguir entre "Rafa", o mundialmente famoso gladiador das pistas de ténis, e "Rafael" (como lhe chamam aqueles que toda a vida o conheceram), a pessoa que continuaria a mesma, com as suas debilidades e as suas virtudes, caso tivesse ficado na sua terra natal, Manacor, a gerir o negócio de móveis da família. Como ele mesmo explicou, tem uma noção muita clara da distinção entre aquilo que fez e aquilo que é.

Ronaldo declarou no ano passado, sem ponta de ironia, que as pessoas invejavam-no por ser "rico, giro e um grande jogador". No dia em que Nadal dissesse uma coisa dessas - que não diria nunca - punham-no fora de casa.

A sensatez de Nadal parte das pessoas que o rodeiam. Quando ganhava campeonatos na infância, a família recordava-lhe que a maioria dos rapazes que tinham conquistado aqueles mesmos troféus anteriormente passaram para o anonimato quando chegaram a adultos. Quando, com 14 anos, raparigas da sua idade faziam fila para lhe pedir autógrafos, os pais e a irmã faziam troça dele. Quando venceu o torneio de Roland Garros e disse ao pai que lhe apetecia comprar um carro desportivo de luxo, o pai respondeu-lhe: "Não te passes." Com a sua equipa profissional - o seu agente, chefe de imprensa, preparador físico, fisioterapeuta -, a relação é a mesma. São amigos que lhe dizem tudo, que se riem uns dos outros. Elogios, só os mínimos.

Quanto ao grande rival de Nadal, Roger Federer, quer o próprio Rafa como o seu tio Toni, seu treinador, têm muito claro e não têm problemas em confessá-lo: Federer possui um talento natural sem paralelo. O suíço é o melhor de todos os tempos, e ponto final.

Tanto o treinador como o agente de Ronaldo, pelo contrário, não perdem uma oportunidade de lhe dizer o que ele quer ouvir: que ele é o maior, que é o melhor. E, concretamente, que é melhor que a sua Némesis (Némessi?), Lionel Messi. É difícil evitar a conclusão de que o actual imbróglio em que Ronaldo se meteu levou anos a encubar e que partiu da raiva e da dor que lhe causou ver o argentino levar as três últimas bolas de ouro, o maior prémio individual do futebol.

Ronaldo joga futebol como se fosse tenista; como se competisse num desporto individual.

É, como Nadal, uma força da natureza. Com excepção de Messi, não há ninguém que marque tantos golos. Mas, ao contrário de Messi, não tem o dom associativo que é um elemento intrínseco do desporto conhecido desde o seu início como "Associação de Futebol". Ronaldo vê a equipa rival; Messi vê a equipa rival e os seus companheiros espalhados por todo o campo. Os entes queridos de Ronaldo parecem partilhar essa mesma estreiteza de vistas.

Por exemplo, a informação revelada por dois amigos que assistiram a um jogo da Liga de Campeões do Real Madrid há dois anos num camarote do estádio do Barnabéu partilhado com a família de Ronaldo: chamou-lhes muito a atenção a falta de interesse da família Ronaldo pelas jogadas da equipa, pelos golos que marcaram outros dos seus companheiros, ou até pelo resultado. O foco único e exclusivo da sua atenção era Ronaldo. O próprio Ronaldo - nem sempre, mas às vezes - foi visto a cair neste alheamento no campo, incapaz de celebrar os golos da sua equipa que não foi ele a marcar.

Não é de surpreender, então, que Ronaldo se tenha mostrado tão indisfarçadamente desesperado este ano por triunfar tanto a nível individual como a nível da equipa e vencer a bola de ouro; nem surpreendeu que, depois de não conseguir o menos prestigiado prémio de melhor jogador da Europa, que foi para Iniesta, fosse incapaz de ocultar o seu enfado, a sua decepção. A sua cara no ecrã, vista por milhões de pessoas em todo o mundo, era a de um homem que se sente vítima de uma injustiça colossal.

Uma injustiça ainda maior por achar que o seu clube foi cúmplice. Sergio Ramos, jogador do Real Madrid, celebrou de forma efusiva no Twitter o prémio de Iniesta, jogador do Barcelona mas seu companheiro na selecção espanhola. A imprensa madrilena também o celebrou e, ainda pior, mostrou-se partidária, como alguns jogadores do Madrid, de que este ano quem deveria levar a bola de ouro era Casillas, capitão da toda-poderosa Espanha.

O treinador do Real Madrid insiste que Ronaldo o deveria ganhar mas, para desgosto de Ronaldo, nem todo o clube remou na mesma direcção. O pior, a traição maior, chegou do lugar mais inesperado. Marcelo, o lateral brasileiro do Real Madrid e um dos amigos mais próximos de Ronaldo no balneário desde que o português chegou a Espanha há três anos, declarou em Junho, mesmo antes da partida da sua selecção contra a Argentina, que Messi era o melhor do mundo. Como transpareceu agora, Ronaldo deixou de considerar Marcelo um amigo.

O centro do desgosto que afecta Ronaldo é Messi, como sabem todos os adeptos das equipas rivais do Real Madrid e de Portugal. E demonstram-no quando troçam de Ronaldo, pondo o dedo na chaga com essa crueldade própria do rancor, gritando o nome do argentino cada vez que recebe a bola. Messi corrói as entranhas a Ronaldo. Federer não corrói as entranhas a Nadal. Aqui se vê a diferença entre o maiorquino e o português. Nadal, por entender que Federer é melhor tenista que ele, está em paz. Quando o vence, fantástico. Teve um bom dia, deu o melhor de si e mereceu-o.

Mas quem passará à história como o grande talento nato do ténis é Federer.

Talvez Ronaldo tenha consciência em algum canto remoto do seu cérebro - como o tem todo o mundo futebolístico excepto os madrilistas mais cegos - de que Messi é melhor, mais completo, mais dotado por natureza para o futebol de associação. Messi é um jogador, mas também poderia fazer de Xavi, de director de orquestra, papel que seguramente exercerá no final da sua carreira. Ronaldo nunca poderá cumprir essa função e por isso nunca será tão grande. Ainda que no fundo o intua, é uma verdade que ele é incapaz de encarar.

Da nega e da negação, como qualquer psicólogo sabe, partem os complexos. Messi não é a raiz da questão; Messi é o grande sintoma da sua infelicidade.

Talvez exista alguma figura no seu círculo disposta a dizer-lhe as duras verdades de que necessita, para o seu bem-estar, ouvir. Talvez procure tratamento para este manifesto narcisismo que tanto sofrimento lhe causa. Ou quem sabe se, por piedade ou compaixão, os votantes da bola de ouro acabem por aligeirar as suas dores, ainda que apenas por algum tempo, dando-lhe em Dezembro o prémio que tanto cobiça e que todos os euros do mundo não podem comprar.

Entretanto, a moral da história é simples e pouco original. O dinheiro não é garantia de felicidade. Ser giro, famoso e um grande jogador não serve de escudo contra a tristeza

John Carlin
 

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A verdade sobre a Cisjordânia

A solução para o problema não é fácil e parece não estar ao alcance de qualquer truque de magia. A única forma das partes chegarem a um compromisso ou a um entendimento definitivo é basearem as suas exigências nas negociações em factos legais e históricos e não em fantasias tantas vezes contadas como fábulas pelos media mundiais.

Normalmente, as referências à Cisjordânia são feitas em termos como ‘territórios ocupados’, aludindo às ‘fronteiras de 1967’ e a história propagandística que normalmente ouvimos soa-nos como muito razoável, simples e sobretudo credível: Durante a guerra dos seis dias, Israel tomou a Cisjordânia aos Palestinianos, recusou o pedido das Nações Unidas para retirar e iniciou a construção ilegal de colunatos judaicos nos territórios ditos ocupados.

Importa, no entanto, esclarecer, que esta não é a verdade histórica dos factos mas sim a versão que ao longo dos tempos nos têm erradamente contado.

Em primeiro lugar, Israel não conquistou os territórios aos Palestinianos. Em 1967 não existia na região - como hoje continua a não existir - qualquer estado ou nação árabe designado por Palestina. Na verdade, em 1948 e após o anúncio da criação do Estado de Israel e do consequente início da guerra israelo-árabe, a Jordânia ocupou a zona até aí conhecida por Judeia e Samaria mudando-lhe o nome para Cisjordânia. Esta ocupação nunca foi legalmente reconhecida, nem por nenhuma organização internacional, nem sequer por qualquer um dos outros estados árabes.

Ora, se a Jordânia não tinha nenhum direito legal sobre as terras e se a Palestina não existia, a quem pertenciam afinal os territórios?

Até 1917, o império Otomano ocupava toda esta região e após perderem a primeira guerra mundial os Otomanos entregaram as terras que eram suas há quinhentos anos às forças aliadas, França e Inglaterra, que decidiram dividir o império em países. Em 1919, o primeiro-ministro britânico, Lord Balfour reconheceu então o direito histórico do povo judeu à sua terra natal: Uma pequena área equivalente a 1% do médio oriente foi designada para esse fim e a Inglaterra foi autorizada pela Sociedade das Nações a promover a criação de um estado judeu.

O Estado Judeu originalmente definido incluía não só a margem Este do Rio Jordão como a margem Oeste (West Bank, o nome internacional da Cisjordânia). Foi assim que foi aceite de acordo com a resolução da Sociedade das Nações e reafirmado mais tarde pelas Nações Unidas uma vez terminada a segunda guerra mundial.

A resolução 181 da Assembleia Geral das Nações Unidas, que anunciou o fim do mandato britânico, aconselhava a criação de dois estados: um judeu e um árabe. Os judeus aceitaram a resolução e criaram o seu Estado a 14 de Maio de 1948, enquanto os árabes recusaram o compromisso e iniciaram uma guerra contra os judeus. Os efeitos da resolução 181 que tinha um caracter não obrigatório, foram deste modo suspensos.

Quando em 1949 se acordou o primeiro cessar-fogo as fronteiras delimitadas pelas posições de defesa do exército judaico nunca foram aceites pelos árabes que não lhes atribuíram nenhum significado político. Estas fronteiras foram as que se mantiveram até 1967.

Por esta razão, é um erro histórico afirmar-se que estas são as fronteiras de 1967: Desde logo porque remontam a 1949 e sobretudo porque nunca foram fronteiras reconhecidas nem pelos árabes nem pelas instâncias do direito internacional.

Neste sentido, a Cisjordânia é, de acordo com a lei internacional, uma zona onde existem ou existiram disputas territoriais e que não estão definidas como ocupadas como são igualmente exemplo Zubarah, uma velha cidade desértica e em ruinas na costa noroeste do Qatar, a ilha de Tumbs, a sul do Irão, o Saara Ocidental, a região de Cachemira, entre a India e o Paquistão e muitas outras zonas do globo que se encontram sem qualquer jurisdição. Todas estas áreas são consideradas pelo direito internacional como territórios em disputa e não como territórios ocupados.

Em 1967, na guerra dos seis dias, Israel foi atacado por uma trilogia de países árabes de que faziam parte o Egipto, a Síria e a Jordânia, apoiados pelo Iraque, pelo Koweit, Arábia Saudita, Argélia e Sudão.

A Cisjordânia, como atrás se referiu, era um território que pertencia à Jordânia que foi um dos agressores de Israel neste conflito atacando-o conjuntamente com o Egipto e a Síria. Todas estas nações árabes tiveram o apoio objectivo da então União Soviética, que se encarregou de os armar antes e depois da guerra e de, com eles, pressionar fortemente as Nações Unidas para considerarem Israel o Estado agressor. A ONU recusou sempre atribuir esse estatuto a Israel preferindo manter a agressão sob responsabilidade dos países árabes e a sua resolução 242 não exigiu a Israel uma retirada unilateral das zonas conquistada, exigindo, no entanto, que fosse negociada uma solução entre as partes que permitisse a Israel deter fronteiras seguras e reconhecidas politicamente.

Deste modo, a presença de Israel na Cisjordânia é resultado de um processo de auto defesa e a Cisjordânia não devia ser considerada como território ocupado porque não havia nenhum poder soberano na região: A definição legal mais consentânea para a zona é a de território em disputa. A resolução 181 da Assembleia da ONU, que aconselhava a criação de um estado judaico e outro árabe não tem qualquer efeito vinculativo porque nunca foi aceite pelos árabes. O direito do povo judeu ao seu próprio estado confessional foi viabilizado em 1917 e várias outras vezes confirmado durante o século XX, quer pela Sociedade das Nações quer pela Organização das Nações Unidas.

A solução para o problema não é fácil e parece não estar ao alcance de qualquer truque de magia. A única forma das partes chegarem a um compromisso ou a um entendimento definitivo é basearem as suas exigências nas negociações em factos legais e históricos e não em fantasias tantas vezes contadas como fábulas pelos media mundiais.
 

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Toda a vida europeia morreu em Auschwitz

"Se os árabes depusessem hoje as suas armas não haveria mais violência. Se os judeus depusessem hoje as suas armas não haveria mais Israel."
(Benjamin Netanyahu).


Desci uma rua em Barcelona, e descobri repentinamente uma verdade terrível. A Europa morreu em Auschwitz. Matámos seis milhões de Judeus e substituímo-los por 20 milhões de muçulmanos. Em Auschwitz queimámos uma cultura, pensamento, criatividade, e talento. Destruímos o povo escolhido, verdadeiramente escolhido, porque era um povo grande e maravilhoso que mudara o mundo.

A contribuição deste povo sente-se em todas as áreas da vida: ciência, arte, comércio internacional, e acima de tudo, como a consciência do mundo. Este é o povo que queimámos. E debaixo de uma pretensa tolerância, e porque queríamos provar a nós mesmos que estávamos curados da doença do racismo, abrimos as nossas portas a 20 milhões de muçulmanos que nos trouxeram estupidez e ignorância, extremismo religioso e falta de tolerância, crime e pobreza, devido ao pouco desejo de trabalhar e de sustentar as suas famílias com orgulho.

Eles fizeram explodir os nossos comboios, transformaram as nossas lindas cidades espanholas num terceiro mundo, afogando-as em sujeira e crime.

Fechados nos seus apartamentos recebem, gratuitamente, do governo, e planeiam o assassinato e a destruição dos seus ingénuos hospedeiros. E assim, na nossa miséria, trocamos a cultura por ódio fanático, a habilidade criativa, por habilidade destrutiva, a inteligência por subdesenvolvimento e superstição.

Trocamos a procura de paz dos judeus da Europa e o seu talento, para um futuro melhor para os seus filhos, a sua determinação, o seu apego à vida porque a vida é santa, por aqueles que prosseguem na morte, um povo consumido pelo desejo de morte para eles e para os outros, para os nossos filhos e para os deles. Que terrível erro cometeu a miserável Europa.

O total da população islâmica (ou muçulmana) é de, aproximadamente, um bilião e duzentos milhões ou seja 20% da população mundial. Eles receberam 7 Prémios Nobel:

Literatura
1988 - Najib Mahfooz


Paz
1978 - Mohamed Anwar El-Sadat
1990 - Elias James Corey
1994 - Yaser Arafat
1999 - Ahmed Zewai


Medicina
1960 - Peter Brian Medawar
1998 - Ferid Mourad

O total da população Judaica é de, aproximadamente, catorze milhões ou seja cerca de 0,02% da população mundial. Estes receberam 128 Prémios Nobel:

Literatura
1910 - Paul Heyse
1927 - Henri Bergson
1958 - Boris Pasternak
1966 - Shmuel Yosef Agnon
1966 - Nelly Sachs
1976 - Saul Bellow
1978 - Isaac Bashevis Singer
1981 - Elias Canetti
1987 - Joseph Brodsky
1991 - Nadine Gordimer World


Paz
1911 - Alfred Fried
1911 - Tobias Michael Carel Asser
1968 - Rene Cassin
1973 - Henry Kissinger
1978 - Menachem Begin
1986 - Elie Wiesel
1994 - Shimon Peres
1994 - Yitzhak Rabin


Física
1905 - Adolph Von Baeyer
1906 - Henri Moissan
1907 - Albert Abraham Michelson
1908 - Gabriel Lippmann
1910 - Otto Wallach
1915 - Richard Willstaetter
1918 - Fritz Haber
1921 - Albert Einstein
1922 - Niels Bohr
1925 - James Franck
1925 - Gustav Hertz
1943 - Gustav Stern
1943 - George Charles de Hevesy
1944 - Isidor Issac Rabi
1952 - Felix Bloch
1954 - Max Born
1958 - Igor Tamm
1959 - Emilio Segre
1960 - Donald A. Glaser
1961 - Robert Hofstadter
1961 - Melvin Calvin
1962 - Lev Davidovich Landau
1962 - Max Ferdinand Perutz
1965 - Richard Phillips Feynman
1965 - Julian Schwinger
1969 - Murray Gell-Mann
1971 - Dennis Gabor
1972 - William Howard Stein
1973 - Brian David Josephson
1975 - Benjamin Mottleson
1976 - Burton Richter
1977 - Ilya Prigogine
1978 - Arno Allan Penzias
1978 - Peter L Kapitza
1979 - Stephen Weinberg
1979 - Sheldon Glashow
1979 - Herbert Charles Brown
1980 - Paul Berg
1980 - Walter Gilbert
1981 - Roald Hoffmann
1982 - Aaron Klug
1985 - Albert A. Hauptman
1985 - Jerome Karle
1986 - Dudley R. Herschbach
1988 - Robert Huber
1988 - Leon Lederman
1988 - Melvin Schwartz
1988 - Jack Steinberger
1989 - Sidney Altman
1990 - Jerome Friedman
1992 - Rudolph Marcus
1995 - Martin Perl
2000 - Alan J. Heeger


Economia
1970 - Paul Anthony Samuelson
1971 - Simon Kuznets
1972 - Kenneth Joseph Arrow
1975 - Leonid Kantorovich
1976 - Milton Friedman
1978 - Herbert A. Simon
1980 - Lawrence Robert Klein
1985 - Franco Modigliani
1987 - Robert M. Solow
1990 - Harry Markowitz
1990 - Merton Miller
1992 - Gary Becker
1993 - Robert Fogel


Medicina
1908 - Elie Metchnikoff
1908 - Paul Erlich
1914 - Robert Barany
1922 - Otto Meyerhof
1930 - Karl Landsteiner
1931 - Otto Warburg
1936 - Otto Loewi
1944 - Joseph Erlanger
1944 - Herbert Spencer Gasser
1945 - Ernst Boris Chain
1946 - Hermann Joseph Muller
1950 - Tadeus Reichstein
1952 - Selman Abraham Waksman
1953 - Hans Krebs
1953 - Fritz Albert Lipmann
1958 - Joshua Lederberg
1959 - Arthur Kornberg
1964 - Konrad Bloch
1965 - Francois Jacob
1965 - Andre Lwoff
1967 - George Wald
1968 - Marshall W. Nirenberg
1969 - Salvador Luria
1970 - Julius Axelrod
1970 - Sir Bernard Katz
1972 - Gerald Maurice Edelman
1975 - Howard Martin Temin
1976 - Baruch S. Blumberg
1977 - Roselyn Sussman Yalow
1978 - Daniel Nathans
1980 - Baruj Benacerraf
1984 - Cesar Milstein
1985 - Michael Stuart Brown
1985 - Joseph L. Goldstein
1986 - Stanley Cohen [& Rita Levi-Montalcini]
1988 - Gertrude Elion
1989 - Harold Varmus
1991 - Erwin Neher
1991 - Bert Sakmann
1993 - Richard J. Roberts
1993 - Phillip Sharp
1994 - Alfred Gilman
1995 - Edward B. Lewis
1996- Lu RoseIacovino


Os judeus não estão a promover lavagens cerebrais a crianças em campos de treino militar, ensinando-os a fazerem-se explodir e a causar o máximo de mortes possível a judeus e a outros não muçulmanos. Os judeus não tomam de assalto aviões, não matam atletas nos Jogos Olímpicos, nem se fazem explodir em restaurantes alemães. Não há um único judeu que tenha destruído uma igreja. Não há um único judeu que proteste matando pessoas. Os judeus não traficam escravos, não têm líderes a clamar pela Jihad Islâmica e pela morte a todos os infiéis.

Talvez os muçulmanos do mundo devessem procurar investir mais numa educação modelo para as suas crianças e menos em culpabilizarem os judeus por todos os seus problemas. Os muçulmanos deviam perguntar o que poderiam fazer pela humanidade antes de pedir que a humanidade os respeite.

Independentemente dos seus sentimentos sobre a crise entre Israel e os seus vizinhos palestinianos e árabes, mesmo que creiamos que há mais culpas na parte de Israel, as duas frases que se seguem realmente dizem tudo:

"Se os árabes depusessem hoje as suas armas não haveria mais violência. Se os judeus depusessem hoje as suas armas não haveria mais Israel."
(Benjamin Netanyahu).


Por uma questão histórica, quando o Comandante Supremo das Forças Aliadas, o General Dwight Eisenhower, encontrou todas as vítimas mortas nos campos de concentração nazi, mandou que as pessoas ao visitarem esses campos de morte, tirassem todas as fotografias possíveis, e para os alemães das aldeias próximas serem levados através dos campos e que enterrassem os mortos. Ele fez isto porque disse de viva voz o seguinte: "Gravem isto tudo hoje. Obtenham os filmes, arranjem as testemunhas, porque poderá haver algum malandro lá em baixo, na estrada da história, que se levante e diga que isto nunca aconteceu."

Recentemente, no Reino Unido, debateu-se a intenção de remover o holocausto do programa das suas escolas, porque era uma ofensa para a população muçulmana, a qual diz que isto nunca aconteceu. Até agora ainda não foi retirado do programa escolar. Contudo é uma demonstração do grande receio que está a preocupar o mundo e a facilidade com que as nações o estão a aceitar.

Já passaram mais de sessenta anos depois da Segunda Guerra Mundial na Europa ter terminado. Depois do ataque ao World Trade Center, quantos anos passarão antes que se diga "NUNCA ACONTECEU" , porque isso pode ofender alguns muçulmanos nos Estados Unidos ?

Sebastian Vilar Rodriguez