A Comissão Nacional de Eleições
podia não ser uma instituição portuguesa? Podia mas não era a mesma coisa.
A recente
polémica à volta da cobertura das eleições autárquicas é mais um extraordinário
exemplo do que é ser português. Um exemplo de como existem uma multiplicidade
de organismos públicos que deviam regular e não regulam, antes causam uma
profunda atrofia ao normal funcionamento da democracia e da vida política,
económica e social e que por essa razão não deviam existir ou cuja existência e funcionamento deveria ser reconsiderada.
Referir que
todos os partidos e candidatos independentes às eleições autárquicas devem ter
igualdade de tratamento, idêntica cobertura noticiosa e espaço de antena é algo
que não lembra a ninguém de bom senso.
Enquanto
cidadão e eleitor o que exijo dos órgãos de informação é que dêem especial relevo, em
primeiro lugar, aos candidatos que têm, de facto, capacidade para as disputar e,
em segundo lugar, que tenham a destreza de, em conformidade com o seu critério
editorial (entenda-se que baseado no interesse da coisa pública, digo eu),
esperando esclarecer-me sobre as melhores políticas e as melhores propostas
para o meu concelho ou freguesia.
Se pensarmos,
por exemplo, na capital, é obviamente relevante saber o que pensam António
Costa (PS) e Fernando Seara (PSD) e quais os seus projectos para o município e
para os seus munícipes. Pode ainda existir algum espaço dedicado a ouvir as
ideias de João Semedo (BE) ou João Ferreira (PCP), mas o que nos interessam as
propostas do PTP, do PAN, do PPM/PPV/PND, do PCTP-MRPP ou do PNR?
As
televisões, e muito bem, que são avaliadas pelos seus accionistas com base em
critérios de competitividade intrínseca geradora de mais valias, decidiram
unanimemente não dar cobertura ao festival de arruadas e comícios e excluíram
os debates entre os candidatos da sua programação. E fizeram bem! Fizeram muito
bem. Tristes figuras como as do candidato ninja do PTP à Câmara de Gaia, Manuel
Almeida, devem ficar-se pelas redes sociais. São hilariantes mas acrescentam
pouco.
E neste
quadro perturbador fica a grande questão sobre como será com as legislativas?
Podemos ouvir apenas o que têm para dizer Passos Coelho e Seguro, os bicéfalos
do bloco, Portas e Jerónimo, ou precisaremos também de dar tempo da nossa vida a
escutar personalidades ímpares da nossa sociedade como Amândio Madaleno, Paulo Borges,
Baltazar Aguiar ou José Pinto Coelho?
Quanto à CNE é mais um fenómeno do tão lusitano mangadealcapismo e o seu parecer é mais um episódio que confirma que as leis do nosso país, obsoletas e arbitrárias não servem os interesses dos portugueses. Servem advogados, gestores e funcionariozinhos públicos como o Juiz Conselheiro Fernando Costa Soares.
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