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sexta-feira, 31 de maio de 2013

Jesus, o Papa e o Jumento


Situação actual: Jesus sente não ter condições para continuar e não quer continuar; Vieira partilha a falta de condições de Jesus, não quer mantê-lo à frente da equipa, mas não quer pagar uma indemnização brutal a um treinador que não chega sequer a trabalhar um único dia relativo a este novo contrato e tem medo, não que rume a norte, mas que rume a norte e tenha sucesso; Pinto da Costa, continua à espera do desenlace de Jesus e mantém o jumento preso por uma corda; Vítor Pereira, assume-se oficialmente como jumento ao permitir-se estar neste limbo.
 

A observação com que intitulo este artigo não tem nada de religioso. Não fala do Jesus bíblico, do Papa, líder da igreja católica apostólica romana nem tão pouco do jumento enquanto figura do presépio. É apenas uma alegoria que explica a minha intuição sobre a problemática de Jesus, o ainda treinador do Benfica, Pinto da Costa, Presidente do FC Porto, e o Jumento, o modo encontrado pelos adeptos do FC Porto para, carinhosamente, se referirem ao seu treinador.

Há pouco mais de um mês, Jesus, preparava-se para coroar de glória a sua temporada e era um treinador muito apreciado, tanto na luz como no dragão. Tal facto permitiu-lhe resistir ao assédio do seu presidente para que se mantivesse em funções com um salário substancialmente menor do que aquele que tinha vindo a auferir - Jesus sabia que Pinto da Costa estaria disposto a manter o seu soldo para fazer o seu rival engolir mais este sapo.

O processo no ultimo mês sofreu avanços que se revelam muito difíceis de conhecer recuos. Conhecem-se afirmações de Vieira desmentidas imediatamente por Jesus e vice versa. Jesus perdeu o campeonato no dragão e isso terá feito Vieira repensar se seria este o homem certo para se manter ao leme da nau benfiquista. Ao mesmo tempo e pelas mesmas razões, Pinto da Costa e algumas figuras proeminentes da SAD portista vacilaram também no seu objectivo de levar Jesus para o dragão.

Foi apenas nesse momento e perante tal indefinição que Jesus quebrou o tabu: decidiu jogar pelo seguro e assumir o seu desejo de continuar, negando, no entanto, qualquer acordo formal ou informal com Luís Filipe Vieira: referiu apenas conversas!...

Na final de Amesterdão, e apesar de ter saído derrotado do ArenA, Jesus recuperou a centelha plasmada na imprensa nacional e internacional, a confiança dos adeptos e a cobiça de Pinto da Costa. Relembro as afirmações da noite: Jesus diz que a derrota o faz repensar muitas coisas e minutos depois Vieira assegura que Jesus será o treinador do Benfica na próxima época. Esta cobiça do Papa, intuição minha, claro está, levou Vieira a apressar-se a colocar o papel à frente de Jesus para que este o assinasse e prolongasse por mais dois anos a sua presença no banco do Benfica pagando-lhe o mesmo.

Sabendo que Pinto da Costa saliva por Jesus como o cão de Pavlov quando ouve o sino, Vieira decidiu não anunciar o acordo formal, prolongar-lhe a agonia e mantê-lo sem saber o que fazer a Vítor Pereira, o jumento bicampeão, que provou competência na gestão da equipa mas que ao dispor-se a estes papeis de embrulho dá razão aos adeptos que o acusam de uma avassaladora falta de carisma.

Mas veio a tarde de domingo no Jamor, e com ela mais uma humilhante derrota para o Benfica e para Jesus que acabou da pior maneira possível... Quase agredido por um seu jogador e apupado fortemente pelos adeptos da sua equipa noutros tempos acérrimos defensores da sua competência.

Ora... Face a estes últimos acontecimentos, Jesus não tem mais condições para continuar no benfica: na noite do ultimo desaire, um programa televisivo convidou os telespectadores a pronunciarem-se através do televoto quanto à sua continuidade e 86% disse ser da opinião de que Jesus devia sair.

Há quem com justiça fale do bom trabalho, do bom futebol, da valorização dos atletas, da presença nas decisões, mas há também quem considere o trabalho de Jesus um autentico fracasso: perdeu três dos quatro campeonatos disputados, dois dos quais perdidos de maneira inacreditável, em épocas em que o Benfica fez investimentos astronómicos na sua equipa de futebol.

Posto isto, o que segura Jesus ao benfica? Apenas o medo que os seus dirigentes têm de que rume a norte onde também não é consensual? Não... O que segura Jesus ao Benfica e que provavelmente o fará ser o seu treinador em 2013/2014 é o papel que já está assinado e que face aos valores anunciados para o salário deverá considerar uma avultadíssima soma a liquidar em caso de incumprimento.

Situação actual: Jesus sente não ter condições para continuar e não quer continuar; Vieira partilha a falta de condições de Jesus, não quer mantê-lo à frente da equipa, mas não quer pagar uma indemnização brutal a um treinador que não chega sequer a trabalhar um único dia relativo a este novo contrato e tem medo, não que rume a norte, mas que rume a norte e tenha sucesso; Pinto da Costa, continua à espera do desenlace de Jesus e mantém o jumento preso por uma corda; Vítor Pereira, assume-se oficialmente como jumento ao permitir-se estar neste limbo.